José Alexandre Silva e Sérgio Oliveira perspetivam um Campeonato SABSEG renhido e emocionante

A espera está prestes a terminar. O Campeonato SABSEG está de volta, meio ano depois de ter sido abruptamente interrompido devido à pandemia de Covid-19, e as novidades são de peso. A começar pela criação de uma liga virtual, numa parceria entre a AFA TV e a Real Fevr, que permite a cada adepto soltar o treinador que habita em si. Uma inovação que traz “alegria e motivação” no atual “contexto novo e incerto”, acredita Arménio Pinho, presidente da Associação de Futebol de Aveiro (AFA)

Esse novo paradigma teve impacto na própria estrutura da Divisão de Elite da AFA, que esta temporada vai ser dividida em duas zonas, Norte e Sul, e será disputada em duas fases, a regular e as de subida e descida de divisão. “Com 11 clubes em cada zona, este modelo faz-me recuar aos tempos de jogador - apenas de nível razoável, assumo - em que joguei na antiga 1.ª Divisão, tanto a Sul como a Norte”, lembra José Alexandre Silva, que ao longo da temporada irá analisar o desenrolar da zona Sul da competição.

O novo formato lança várias questões que, nos últimos anos, passavam ao lado dos técnicos que competem no Campeonato SABSEG. “Devo escolher sempre os melhores até assegurar a série dos primeiros, buscando sempre os lugares cimeiros? Devo gerir o plantel porque é igual ficar em quarto ou em primeiro uma vez que na segunda fase, como agora, todos vamos começar com zero pontos?”, enumera o comentador, que acredita que “todos quererão começar forte e fazer os pontos que lhes deem segurança e um lugar de acesso à série dos primeiros, que, no pior cenário, assegura a manutenção”.

No entanto, “em 20 jogos, muito pode acontecer e, com uma paragem tão grande, é importante gerir o momento de cada jogador, tendo em consideração, sobretudo, que para além do futebol, ele também tem o seu trabalho”, acrescenta José Alexandre Silva, que elenca cinco candidatos a apurarem-se para a fase de subida. Na linha da frente estão a AD Ovarense, “que ficou em 2.º na época passada e não só não perdeu ninguém fundamental, como reforçou o grupo com jogadores experientes e de qualidade”, e o FC Pampilhosa, que “manteve o goleador de serviço, Rui Miguel, e melhorou a equipa com a chegada de atletas de qualidade e conhecidos do treinador que, na segunda época, assume querer fazer mais e melhor”. “Depois, numa segunda linha, a LAAC, pela aposta reforçada num plantel recheado de jogadores diferenciadores, como Diego e Marcelo”, à qual se juntam “o Estarreja e o Bustelo, com a bitola de terem treinadores que conhecem bem o campeonato e jogadores que já deram prova de qualidade”.

Lembrando que “todas as equipas têm jogadores de qualidade inegável”, José Alexandre Silva diz-se igualmente curioso “para perceber como é que o Oliveira do Bairro vai estar sob o comando técnico do Cajó; como é que o novo Gafanha, com Ricardo Suíço ao leme, vai surgir em prova; como é que o Fermentelos, de Tó Miguel, vai dar o salto para um patamar superior, mesmo tendo no grupo o melhor guarda-redes de todo o campeonato; como é que o Avanca vai surgir com novas ideias e um treinador estreante; como é que o Alba, mesmo tendo o veterano Carlos Manuel em campo, vai sobreviver com um plantel de jovens; e como irá o Vista Alegre, com o mister Hernâni, lutar num mar de tubarões com um orçamento de peixinhos”.

Muito equilíbrio na zona Norte
Mais a norte, Sérgio Oliveira, que se mantém no painel de comentadores da AFA TV, antevê um campeonato renhido e nivelado por cima. “O União de Lamas, que assumiu publicamente a candidatura à subida de divisão, não me parece que ocupe o estatuto de supercandidato como os campeões das edições anteriores”, exemplifica, pois, a seu ver, “não existe um desnível qualitativo em relação à concorrência, o que não invalida, no entanto, que seja a equipa mais bem apetrechada no ataque ao Top 4”.

Alvarenga, Fiães e Paivense, por razões diferentes, são as outras três equipas que melhor se perfilam para ocupar esse restrito lote”, acrescenta. “A formação de Arouca não olhou a meios para contratar. Os exemplos de Artur, Mário, Tojó e do guarda-redes Nuno Dias confirmam esta tese”, explica, lembrando ainda que “o Fiães, agora orientado por Pedro Alves, apresenta um plantel jovem mas já em processo de maturação”, e que “o Paivense também entra na corrida pelo simples facto de manter um treinador experiente e de qualidade, como é Carlos Manuel, que com certeza fará do seu campo um verdadeiro quebra-cabeças para os adversários”.

Canedo FC, SC Esmoriz e São Vicente Pereira, “equipas que apostaram na continuidade e realizaram campeonatos positivos antes da interrupção”, entram numa segunda linha de teóricos candidatos, numa zona norte que fica completa com AC Cucujães, JD Carregosense, FC Cesarense e CD Paços de Brandão. “As equipas do concelho de Oliveira de Azeméis parecem-me mais fortes e com estruturas capazes de captar outro tipo de jogadores. Jonathan reforçou o Cucujães, agora liderada por Zé Carlos, e o Carregosense, de André Teixeira, saiu por cima com a contratação de João Borges, Pena e Biclas”, salienta Sérgio Oliveira, que se mostra expectante para perceber “até que ponto o Paços de Brandão se preparou para uma prova que, como se sabe, tem provocado dores de crescimento aos recém-promovidos”.

Os dados estão lançados para uma temporada que promete bastante. Com os estádios ainda de portas fechadas para receber adeptos, a AFA TV continuará a mostrar tudo o que acontece dentro das quatro linhas e vai permitir acompanhar as incidências de cada partida através do Golo ao Minuto. Têm a palavra os artistas. Que comecem os jogos!

11 de Setembro de 2020