Clubes arregaçaram as mangas e renovaram as suas casas de mãos dadas com a comunidade

A pandemia de Covid-19 trouxe mudanças na forma como os clubes se relacionam internamente, mas também com a comunidade. Em Aveiro, foram muitos os que apelaram a adeptos e jogadores para que ajudassem a requalificar as suas instalações, e o abalo causado pela pandemia acabou por criar uma aproximação em nome da sobrevivência dos clubes.

Pedro Assis, psicólogo que colabora com a AFA Magazine, explica que “a pandemia, devido ao impacto causado pelas notícias, pelo confinamento, por termos de nos afastar de quem amamos, por termos de usar máscara e deixar de ver sorrisos, enfim, por tudo o que alterou nas nossas vidas, contribui que olhássemos, inconscientemente, para o processo de mudança”. “E aí, a mudança acontece”, defende.

O psicólogo considera que a união em torno de uma causa acabou por ser o grande impulso para essa mudança. “A típica procrastinação transformou-se em obras de adaptação para receber crianças, adultos, treinos e jogos. A desculpa dos investimentos avultados foi sobreposta pelo receio da própria sobrevivência do clube. E as pessoas mudaram, os clubes mudaram e a realidade mudou com estas alterações”, realça.

Em Arrifana, dirigentes, adeptos e até jogadores foram quase pioneiros numa “moda” que ainda dura. Bruno Inverno, capitão do CD Arrifanense recorda que “poucos dias depois do primeiro confinamento, a 13 de março, começou a pensar-se em renovar as instalações do clube”. “Tivemos uma reunião no sábado seguinte e decidimos seguir em frente. Desinfetámos, lavámos, renovámos, fizemos tudo”, recorda, ele que considera “a ajuda dos patrocinadores fundamental, que ajudaram com tintas e outros materiais”. “Andámos a tratar de dois campos, o que não é fácil e pintámos bancadas, muros, arranjámos os relvados e os balneários. Foi quase tudo, mas valeu a pena porque vieram diretores, adeptos, amigos e até outros jogadores”, sublinha.

O jogador considera que ação promovida pelo clube foi simbólica, “porque o Arrifanense comemora 100 anos de existência”. “Fizemos isto para que a malta não desanimasse, a comunidade juntou-se e viu-se o bairrismo das pessoas. Estamos ansiosos para abrir portas aos sócios para que vejam o trabalho que fizemos”, admite.

Quem também não desanimou com a pandemia foi o Oliveira de Bairro SC, que iniciou este sábado uma ação de requalificação no Campo São Sebastião e que foi promovida nas redes sociais para que os adeptos aderissem à iniciativa. “Temos uma equipa de cerca de duas dezenas de adeptos, sendo que a adesão foi maior por parte de algumas mães dos atletas do futebol juvenil”, conta Artur Castro, vice-presidente do clube que também está quase a comemorar o 100º aniversário. “Com isto, queremos voltar a fortalecer o espírito do associativismo, envolvendo as pessoas da terra. Além disso, a envolvência dos pais dos jogadores é importante no projeto da academia de futebol”, diz o dirigente.

Luís Jesus, o mais recente presidente eleito do Oliveira do Bairro SC, considera que “é importante as pessoas sentirem-se envolvidas com o projeto do clube”. “No fundo, temos de seguir em frente, e ou cruzamos os braços e ficamos parados, ou arregaçamos as mangas e vamos ao trabalho. Vimos uma oportunidade na paragem provocada pela pandemia, e estamos a trabalhar em benefício do clube”, afirma.

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29 de Agosto de 2020
Vítor Hugo Carmo
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