Há vinte anos, Torcato Moreira chegava ao Caldas S. Jorge. Começou por dirigir os infantis, mas com o passar do tempo subiu na hierarquia, até chegar aos seniores. Não raros foram os anos em que orientou dois escalões em simultâneo, e chegou inclusivamente a dirigir três equipas ao mesmo tempo, algo apenas possível para alguém que vive o clube de uma forma intensa e apaixonada.

Quando se fala em futebol nas Caldas S. Jorge, há um nome que todos lhe associam. Torcato Moreira, muito mais do que um mero treinador, passou quinze dos últimos vinte anos da sua vida no Parque Desportivo local.

“Estou num clube que me diz muito, pelo qual fui campeão”, diz o técnico. “Foi na 2.ª Divisão Distrital de juniores, em 2001/2002”, e não se pode dizer que tenha sido um título qualquer. Foi o único em 36 anos de vida coletividade, que, no passado, já passou pelo principal escalão de Aveiro.

Foram tempos áureos, mas distantes, que o pó do pelado teima em perpetuar. Sem rodeios, diz que “o clube parou no tempo, em termos de condições”, o que levou, inclusivamente, ao desaparecimento dos escalões de formação.

Torcato Moreira assistiu a tudo isso impotente, como quem deixa partir algo que sentiu como seu. No passado, era normal vê-lo no banco nos jogos das equipas sénior e júnior, e houve até situações em que acumulou três escalões: juvenis, iniciados e infantis. “Os miúdos sobem de escalão, e gostamos de acompanhá-los”, explica, admitindo que só com “vontade, gosto e querer” foi possível conciliar tudo isso.

Hoje, as suas preocupações são outras. “De há quatro anos para cá, as pré-épocas passam-se a fazer treinos de conjunto, porque estamos a observar jogadores”, conta. “Quando dou por ela, vai o campeonato a meio, e eu ainda sem conhecer bem os jogadores”, acrescenta o técnico, para quem falar-se de “projetos” no Distrital é algo de utópico na maioria das situações. E até dá exemplos: “O Rio Meão colocou um sintético e, este ano, acabou com a equipa sénior. Estar a pensar em projetos é um engano”.

Época será complicada
Nestes casos, o melhor é viver um dia de cada vez. “Às vezes, perguntamo-nos se vale a pena continuar. O clube não pode depender de uma ou duas pessoas, mas, infelizmente, é o que acontece neste momento”, atira Torcato Moreira, que antevê dificuldades para o que aí vem na Série A da 2.ª Divisão Distrital.

O novo figurino que irá vigorar a partir da próxima temporada, com três escalões competitivos, faz com que a luta pelos cinco primeiros lugares se torne cada vez mais acesa à medida que o campeonato se desenrola.

“Algumas equipas que apostaram para ficar nos cinco primeiros lugares, não o vão conseguir. Por muito que queiramos ambicionar a alguma coisa, sabemos que é difícil, porque a maior parte das equipas tem outros argumentos”, explica o treinador, para quem “o mais importante é que haja futebol na freguesia”. “Vamos tentar fazer o melhor possível, e que o pessoal se divirta um bocado”, completa.

Tudo na mesma no topo das quatro séries
O ambiente no Caldas S. Jorge animou com o triunfo diante do Sabariz (2-1), o primeiro da temporada. No topo da Série A continua o Mansores, que venceu o dérbi arouquense com o ACRD Mosteirô, por 2-0. A goleada da ronda foi obtida pelo Canedo, que despachou o Pousadela com quatro golos sem resposta. Marcaram Badolas, que bisou, Nuno Fruta e Vilar.

Na Série B, o líder, S. Vicente Pereira, foi travado, em casa, pelo Pinheirense (1-1). Só que o segundo classificado, Macieirense, não fez melhor, tendo perdido com o Mosteirô FC (1-0), clube que fecha o pódio da tabela.

Já o Vista Alegre, cedeu os primeiro pontos na Série C. Empatou na casa do Estarreja B (0-0), e viu o Fermentelos e o Mourisquense, que bateram o Requeixo e o Sosense, respetivamente, por 1-0, aproximarem-se da primeira posição.

Quanto à Série D, o Famalicão venceu o duelo com o Paredes do Bairro (2-1), e mantém distâncias para os perseguidores, que também não escorregaram na oitava jornada.

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Jornal Correio da Feira