Valeu pelo golo… e pelos três pontos. Com um remate indefensável do meio da rua, o capitão do SC Espinho, João Ricardo, apontou o caminho da vitória aos “tigres” em Castro Daire, onde ninguém vencia para o Campeonato de Portugal desde setembro de 2019. Os espinhenses, que com o triunfo no jogo referente à 8.ª jornada da Série D deixaram a zona de despromoção, jogaram largos minutos em vantagem numérica, mas só quebraram a resistência local aos 88 minutos, num lance de pura de inspiração.

A viver uma época complicada, grande parte dela passada abaixo da “linha de água” na tabela classificativa, o SC Espinho chegou a Castro Daire numa das suas melhores fases. Com sete pontos somados nos últimos quatro jogos, os “tigres” ganharam um novo fôlego na corrida pela manutenção, uma missão intrincada num ano em que é difícil navegar à vista.

Com diversas equipas com jogos em atraso, analisar a evolução da classificação torna-se um exercício complexo. Com o jogo de hoje, o SC Espinho juntou-se a Canelas 2010, SC São João de Ver e AD Sanjoanense na lista de equipas que cumpriram as 16 jornadas calendarizadas até esta fase, mas ao Castro Daire, por exemplo, ainda lhe faltam três jogos até acertar de vez o calendário. Contingências da Covid-19, cujos efeitos na competição se verão com maior nitidez mais lá para a frente.

Apesar da diferença significativa no número de partidas realizadas, as duas equipas subiram ao relvado separadas por apenas dois pontos, com vantagem para os locais, que têm feito do Complexo Desportivo de Castro Daire um forte praticamente intransponível. Sem perder em casa desde setembro de 2019, os castrenses, nos seis jogos ali disputados na presente edição do campeonato, venceram os primeiros quatro, entre os quais diante do líder, Canelas 2010, mas nos últimos dois encontros cederam empates frente a AD Sanjoanense e Vila Cortez.

Um aparente refrear do ritmo que o SC Espinho procurava capitalizar, sendo que, em caso de vitória, os “tigres” igualavam o melhor registo da época, que datava do mês de novembro, era ainda João Ferreira o treinador. Entretanto, Bruno China assumiu o comando da equipa, a qual, aos poucos, vem melhorando os resultados, que lhe permitiram encurtar distâncias para a zona de salvação.

Num jogo de tamanha importância para o futuro de ambas as equipas no campeonato, não estranhou que o arranque tenha sido muito fechado, com poucos espaços concedidos de parte a parte. Dava a ideia que tanto Castro Daire, com três centrais, um bloco baixo sempre que perdia a bola e que apostava no jogo direto quando a recuperava, como SC Espinho, ainda assim mais ambicioso na abordagem ao jogo, quiseram, em primeiro lugar, não sofrer, para depois tentarem a sua sorte no ataque.

Sem Diogo Valente, Betinho ou Nakedi no onze inicial, os “tigres” poucas vezes definiram com critério nas poucas aproximações à área contrária. O primeiro lance de perigo surgiu aos 20 minutos, num livre de Gonçalo que saiu perto do poste da baliza de Pedro Gonçalves, ele que seria expulso pouco depois, após ter derrubado o isolado Gildo.

Ainda assim, não se pode dizer que o momento tenha mexido muito com o jogo. O Castro Daire abdicou da linha de três defesas centrais, mas continuou a controlar as operações a meio-campo e criou perigo num remate de Yoshi, aos 41 minutos. Na resposta, Andrezo, em boa posição, cabeceou para o corte de um defesa.

O cenário não se alterou muito após o intervalo, com o SC Espinho a controlar as operações, mas a revelar dificuldades em penetrar na muralha defensiva dos locais. Aos 57 minutos, Paço, com um remate cruzado, fez a bola passar perto do poste da baliza contrária. O lance foi como que um óasis no deserto de ideias com que se desenrolou a segunda metade, mas o melhor estava reservado para o fim.

Aos 88 minutos, João Ricardo disparou um míssil à entrada da área adversária, indefensável para o guarda-redes adversário. Um golaço, um pontapé no marasmo, um passo importante na recuperação do SC Espinho, o leitor escolherá a melhor legenda para o momento. Até aí desaparecido no ataque, o Castro Daire ainda esboçou uma reação e só não empatou porque Bruno Silva parou o remate de Fred, no minuto 90, segurando o importante triunfo dos espinhenses, que assim, ainda que à condição, ultrapassam o adversário desta tarde na tabela classificativa.

Fotografia
Sporting Clube de Espinho