O Outro Lado: O currículo ímpar e as "loucuras" de Osvaldo Pinto pelo futsal

No papel de diretor, é dono de um currículo ímpar no futsal em Aveiro, mas são as amizades que foi criando nos últimos 30 anos que o fazem continuar a dedicar grande parte da sua vida a uma modalidade e a um clube, o GCR Ossela, pelos quais se apaixonou. Por eles, Osvaldo Pinto já fez diretas, gastou fortunas ao telefone e “voou” pelo distrito para não falhar um jogo. “É um ‘bichinho’ que tenho”, confessa, que muitas vezes o obriga a “deixar a família para trás”. Vai-lhe valendo que “são mais as alegrias do que as tristezas”.

Como em qualquer paixão que perdure no tempo, tudo começou com uma brincadeira. “Às sextas-feiras, juntávamo-nos para jogar à bola, mas como o pavilhão da Escola Livre ia ficar ocupado com um torneio da PARC decidimos entrar com uma equipa”, recorda Osvaldo. Nascia aí o Amigos Remate e também a sua saga como diretor no futsal, depois de já ter desempenhado esse papel na equipa de futebol de salão da Casa do Benfica de Oliveira de Azeméis.

Os seus dotes enquanto gestor foram rapidamente postos à prova. Vários dos jogadores do Amigos Remate foram convidados a juntar-se a um clube que já competia em provas oficiais. Sem fechar a porta a ninguém, o diretor prometeu que “no ano seguinte a equipa ia entrar em competição” e foi o que bastou para os craques decidirem ficar. Seguiram-se anos de glória, “sempre a subir até à 2.ª Divisão Nacional”, apesar de algumas mudanças estruturais. O clube passou de Amigos Remate para Desportiva de Santiago, até que se fixou como Oliveirense Futsal, “a primeira equipa do concelho de Oliveira de Azeméis a chegar à 2.ª Divisão e a ter formação”.

A falta de apoios levou ao desaparecimento do projeto, mas Osvaldo Pinto não se desligou do futsal. Ainda ajudou o São João de Ver a conquistar o “triplete” distrital, antes de se fixar em Ossela, onde está há já 15 anos.

No clube de Oliveira de Azeméis, começou na equipa feminina, que chegou à 1.ª Divisão Nacional. A despromoção que se seguiu “gerou problemas em Ossela, porque as pessoas não gostaram de como tudo aconteceu”, e o projeto ficou por ali. “Também houve uma aposta clara na formação, que impedia ter horas de pavilhão para o futsal feminino”, acrescenta Osvaldo, que, desde então, passou por todas as equipas do clube, “dos infantis aos seniores”, tendo conquistado títulos em todas elas. “Em Aveiro, ninguém tem este currículo”, sublinha.



As conquistas nas “quadras” alimentam-lhe o ego, mas não contam a história a toda. As amizades que foi fazendo ao longo do trajeto enchem-no de orgulho. “Quero ganhar sempre, nem que seja a feijões, mas se puder ajudar não olho para trás”, garante. Pelo futsal, fez algumas diretas, uma vez que trabalha à noite e, por vezes, a equipa principal sai pela manhãzinha para os jogos fora de casa. “Já aconteceu ter um jogo às 15 horas, em Santa Maria da Feira, contra o Académico da Feira, e às 17 horas já estava em Telhadela (Albergaria-a-Velha)”, recorda. Há também a história da “arca da cerveja que saltou da carrinha” nos festejos da subida do Amigos Remate à 3.ª Divisão Nacional, já lá vão uns 30 anos.

A paixão pelo futsal também o levou, há uns anos, a passar os fins de semana agarrado ao telefone para atualizar os resultados dos campeonatos de Aveiro para a página Futebol PT, criada por um colega do Algarve. “Aos sábados à tarde, algumas equipas enviavam-me os resultados e, nas manhãs de domingo, telefonava a toda a agente para atualizar os restantes. Isso custou-me muito dinheiro de telefone, mas fazia aquilo porque gostava da modalidade”, conta.

Aos 54 anos, continua com força para dar o seu contributo ao futsal. Pelo caminho ficou um defesa esquerdo no futebol, que passou por UD Oliveirense e AC Cucujães. “Nem sou canhoto, mas o meu primo jogava à direita e eu ajeitava-me à esquerda”, graceja. É um dos sócios-fundadores da Associação de Melhoramentos Pro Outeiro, pela qual participou em alguns campeonatos de futebol.

Hoje, desempenha o papel de secretário-geral do GCR Ossela e dá uma mãozinha em todas as equipas. “Tenho uma gratidão muito grande pelo presidente. Ele sabe o que isto quer dizer”, atira, assumindo-se como osselense, mesmo que não seja natural daquela freguesia de Oliveira de Azeméis. “Aprendi a gostar daquela gente, que me recebeu muito bem”, remata.

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19 de Junho de 2021
Rui Santos
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