Portugal enfrenta um desafio duro, de um grau de complexidade alto, o qual obriga a uma ação concertada de toda a sociedade. O combate à propagação da Covid-19 começa em cada um de nós, a quem nos foi solicitado que fiquemos em casa, enquanto a situação não ficar controlada.

Sendo um pedido simples, ele acarreta alguns desafios, sobretudo às crianças, que ficarão confinadas ao mesmo espaço durante vários dias seguidos. “Se está em isolamento com crianças, lembre-se de que uma situação de isolamento pode ser particularmente difícil para crianças pequenas. Podem sentir-se tristes, ansiosas, com medo, confusas com a alteração das rotinas diárias e com saudades dos amigos. Podem fazer mais “birras” e mostrar-se mais dependentes, irritáveis e terem dificuldade em adormecer”, lembra o psicólogo Pedro Assis.

Assim, e tendo como base as recomendações da Ordem dos Psicólogos Portugueses e da Organização Mundial de Saúde, o psicólogo recomenda aos pais que “aceitem que existirão conflitos e birras”, que poderão ser resolvidos rapidamente se os progenitores se mostrarem “compreensivos e pacientes perante esses comportamentos”.

Permitir aos seus filhos que “expressem os seus sentimentos e receios” perante o atual cenário permitir-lhe-á “explicar o que se está a passar e a importância do isolamento”, numa linguagem que permita aos mais novos perceber o que quer transmitir de forma clara. “Limitar a exposição à notícias que as possam perturbar” irá reduzir a ansiedade das crianças, às quais é importante referir que esta é uma situação passageira.

Manter as atividades habituais, “nomeadamente a hora das refeições e de ir dormir, proporcionando-lhes espaço para poderem brincar”, ajuda a passar uma mensagem de tranquilidade às crianças. Se elas estiverem em idade escolar, “peça ao professor que lhe envie por email informação de estudo, atividades ou trabalhos”, devendo esta ser uma oportunidade para poder “realizar atividades para as quais não costumam ter tempo, como jogos de tabuleiro, trabalhos manuais, desenhos e leitura”.

No fundo, “encare a situação de isolamento como uma oportunidade para passar mais tempo com os seus filhos e para realizarem atividades em conjunto”, sem nunca descurar momentos de descanso, essenciais para poder manter o ritmo ao longo dos próximos dias.

“Perceba que o adulto é o garante da estabilidade emocional da criança. Capacite-se que é a pessoa mais importante para a criança e que o futuro depende, também, da forma confiante com que a família vai enfrentar esta batalha”, lembra Pedro Assis.

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