Melhor marcadora da Taça de Aveiro, Dani começou no andebol mas é no futebol que se diz realizada

Desde que se conhece, Dani nunca escondeu a paixão pela bola. “Desde pequenina, andava sempre com uma nos pés”, recorda a jovem, de 23 anos, antes de percorrer a história da sua vida, rica em peripécias mas também em momentos marcantes, como aqueles que viveu esta temporada. Pela JuveForce, venceu a Taça Nacional Promoção, prova referente à 3.ª Divisão Nacional feminina de futebol, e foi a melhor marcadora da Taça Distrito de Aveiro, com um total de seis golos, mais dois do que Daniela Martins, do Clube de Albergaria, e Iara Dias, sua companheira de equipa no clube de Vagos. 

Nem todos os casos de sucesso no desporto seguem uma lógica linear e constante. O de Dani, por exemplo, prova que são infindáveis, e nem sempre fáceis de discernir, os caminhos para o alcançar. Mas também demonstra que só com uma vontade férrea é possível lá chegar.

Em criança, Dani não demorou em mostrar aptidão para o futebol, mas como ele “não era muito bem visto lá em casa para uma rapariga” e o pai “não aprovava muito a situação”, decidiu experimentar o andebol. Praticou a modalidade ao longo de praticamente uma década. Diz ter sido “muito feliz” nesses anos, “mas havia sempre aquele 'bichinho' do futebol”, confessa.

Tudo mudou com o apoio de Cátia Duarte, árbitra e filha do presidente do SM Murtoense, Jorge Guimarães, que havia sido sua professora no ensino primário. Quase a fazer 18 anos, lá conseguiu a aprovação do progenitor para tornar real um sonho que alimentou desde a infância. “O meu pai disse-me que me levava a um treino. Fui toda contente e nem pensei duas vezes. Deixei o andebol para trás. Tenho saudades, admito, mas jogar futebol é uma espécie de adrenalina que me percorre nas veias e me faz sentir realizada”. Dá para sentir a felicidade só de ler.

Hoje, o pai “entregou-se completamente” ao sonho da filha. “Vai ver os meus jogos e vibra como todos os adeptos, ou até mais. Tem muito orgulho, eu sei”, comenta Dani, que desde 2018, quando se estreou pelo SM Murtoense, vem acumulando feitos importantes. Logo na estreia, sagrou-se campeã distrital de Sub-19, dois anos depois estava a jogar a Liga BPI pelo Fiães SC e, esta época, conquistou a Taça Nacional Promoção pela JuveForce.

“Já estive na 1.ª Divisão, mas agora, na 3.ª, estou a ter o meu espaço para atingir objetivos mais altos, a nível individual e coletivo”, sente a atacante. Exemplo disso é a distinção como melhor marcadora da edição 2023/2024 da Taça Distrito de Aveiro feminina de futebol, “um objetivo bonito, a nível individual, que qualquer jogadora ambiciona”. “É graças à minha equipa que foi possível ter tido os números que consegui esta época. Sem as minhas colegas, nada seria possível”, acrescenta Dani, que, para lá do futebol, é professora e está a concluir um Mestrado em Educação do 1.ª e 2.º Ciclo em Português e História.

Sobre a última edição da Taça Distrito de Aveiro, lembra “uma prova muito difícil”, que teve no duelo com o Lusitânia de Lourosa FC, que esta época competiu na 2.ª Divisão Nacional, o “grande confronto”. “A final foi um momento de muito nervosismo e ansiedade. Sabíamos que ia ser muito difícil contra o Clube de Albergaria, uma equipa que está na 1.ª Divisão, mas partimos com a mesma garra. Ficámos no segundo lugar, mas muito orgulhosas. Para o ano, cá estaremos de novo, a batalhar para chegar mais uma vez à final”, garante Dani.

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21 de Junho de 2024
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