Capela provou que o avançado é mesmo o primeiro a defender

Costuma dizer-se, no mundo do futebol, que o ponta-de-lança é o primeiro defesa da sua equipa. Pois bem, Nuno Capela, avançado da Florgrade FC, levou o ditado à risca e, na deslocação ao reduto do CF U. Lamas, aventurou-se na baliza, respondendo com confiança à falta de guarda-redes com que a formação corticeira se deparava. 

A lesão de longa duração do habitual dono da baliza da Florgrade, Marco Sá, abriu uma janela de oportunidade para João Ribeiro e Diogo Almeida, os dois guarda-redes que geralmente dividem presença entre a equipa principal e a de Sub-22 do clube. No entanto, no decorrer do 'jogo de loucos' do dia anterior, que terminou com a conquista do título da categoria por parte dos ‘corticeiros’, ambos foram expulsos, deixando o João Aguiar com uma grande dor de cabeça para a tarde de domingo. Afinal, quem iria guardar a baliza da Florgrade?

Para encontrar a resposta, o ‘mister’ teve, porventura, que virar o quadro técnico ao contrário. Capela, ponta-de-lança habituado a ter a baliza como alvo e a fazer a vida negra aos guarda-redes contrários, foi chamado a um serviço diferente, calçou as luvas e assumiu sem hesitação uma missão que sabia complexa, mas que não o amedrontou.

“A solução Capela surge pelo gosto que tenho de defender desde miúdo, seja numa baliza grande ou numa pequena”, começa por explicar-nos o avançado, revelando que a ideia “surgiu com alguma naturalidade, até porque a situação nos Sub-22 estava a acontecer e o Zé Carlos já me estava a ligar a dizer que eu ia ter que ser guarda-redes no dia seguinte”.

No seio da Florgrade FC, todo o plantel sabe que “ir à baliza não é uma coisa estranha” para Capela, que, há alguns anos, já havia terminado um jogo como guarda-redes, ao serviço do Coimbrões. Mas esta acabou por ser uma experiência especial. “O jogo em si, em Lamas, para mim já é diferente e dei por mim a ter de fazer uma posição tão peculiar”, sublinha, garantindo ter encarado o desafio “com naturalidade”.

“Hoje já não sinto tanta ansiedade ao entrar em campo. Entro para ajudar no que puder e sabia que o clube estaria comigo sempre, em qualquer circunstância. Isso também ajudou a que as coisas corressem pelo melhor”.

A verdade é que os minutos foram passando e, com a baliza a zero, a confiança aumentava. Com um par de intervenções de registo, Capela ia chamando a si as atenções do jogo, não só pela ousadia de assumir “uma das funções mais ingratas do futebol”, mas também por cumpri-la com êxito.

“Só pensei em fazer o mínimo. Sabia que tinha mais facilidade com os pés do que com as mãos e, por isso, não podia complicar. E nas defesas apliquei o instinto que tenho. Mas nunca quis ser o herói, porque podia iludir-me e cometer alguns erros”, aponta, sem esconder ter sentido alguma “surpresa e espanto” das pessoas próximas por ter conseguido sair de Santa Maria de Lamas sem golos sofridos.

No final, 0-0 no marcador, desafio superado com distinção e mais uma história para o experiente avançado contar, ele que conta com um vasto currículo, que começou a ser construído, curiosamente, nos escalões de formação do CF U. Lamas. São as voltas da vida… e do futebol.

12 de Maio de 2022
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