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Aveirenses pelo mundo: António Henriques deixou-se deslumbrar pelos encantos da Grécia

António Henriques assume que, assim que chegou a Atenas, ficou imediatamente deslumbrado pelas semelhanças do povo grego com o português, mas também pelos encantos naturais e arquitetónicos de um país onde a equipa técnica liderada por Pedro Martins - e da qual o treinador-adjunto faz parte - implementou uma mentalidade vencedora num dos clubes mais emblemáticos da Grécia. O Olympiacos tocou o céu com a conquista de vários títulos e os deuses helénicos comprovaram que o clube fez uma aposta ganha com a contratação de uma equipa técnica que conta com quatro aveirenses.

O hábito de vencer de António Henriques começou bem cedo, já que conquistou vários títulos como treinador principal nos escalões de futebol de 7 do CD Feirense. Em 2011, aceitou o desafio dos madeirenses do Camacha para se tornar treinador-adjunto. Pouco depois, estava a trabalhar com Pedro Martins no Marítimo, numa equipa técnica que conta com mais dois aveirenses, Rui Pedro e Luís Lobo, e que, ao fim de 10 anos, se mantém unida, desta feita em solo grego.

O técnico recorda as primeiras impressões de um país até então desconhecido para si, mas que desde 2018 é a sua segunda casa. “Cheguei a Atenas num dia de muito calor, húmido e desagradável. Vim para preparar a época seguinte, conhecer as instalações do Olympiacos e as pessoas do clube. Não conhecia nada da Grécia. Só tinha aquela imagem do país que toda a gente tem, das ilhas gregas e da imensa cultura”, recorda, admitindo alguma surpresa pela “condução agressiva no trânsito de Atenas”. “É algo caótico, mas as pessoas são parecidas com os portugueses, muito calorosas, expressivas e gostam de receber bem”, refere.



António Henriques vive com a filha e a esposa em Voula, “uma zona junto à praia e mais descontraída”, na periferia de Atenas, mas de fácil acesso ao centro de treinos do Olympiacos, local onde a equipa técnica liderada por Pedro Martins começou a implementar as primeiras mudanças no clube. “Quando chegámos, o Olympiacos vinha de uma época com quatro treinadores. Reconstruímos o plantel quase do zero e passámos a dominar internamente. A história recente do clube diz-nos que houve sempre muitas trocas de treinadores e, como é óbvio, tínhamos de perceber como seria a pressão sobre nós”, afirma, realçando que “as pessoas do clube perceberam as mudanças que estavam a ser feitas e que, com a nossa estratégia, íamos ter sucesso”.

“Tivemos momentos fantásticos, como a vitória sobre o Milan, em casa, a contar para a Liga Europa, entre outros. O ano passado foi absolutamente fantástico, porque fomos campeões, ganhámos a taça e eliminámos o Arsenal da Liga Europa”, recorda.

Para lá do trabalho árduo, António Henriques diz nunca ter sentido a barreira linguística, “porque a maior parte da estrutura do plantel fala inglês e, por isso, a língua grega não precisa de ser uma ferramenta de trabalho”, e evidencia o espírito determinado dos gregos em relação ao futebol. “Apesar da ideia que se possa ter sobre a loucura dos adeptos, associada a algum perigo, eu nunca senti isso, antes um respeito muito grande. Apesar da forma como vibram, conseguem manter alguma razão naquilo que é a análise ao trabalho dos treinadores”, explica, acrescentando que “há sempre grande espetacularidade no apoio dos adeptos, sobretudo nos confrontos com os eternos rivais, AEK, PAOK e Panathinaikos”.

António Henriques confessa que ficou deslumbrado com a beleza de Atenas e a sua riqueza histórica, espelhada em monumentos mundialmente conhecidos. “A Acrópole é de facto imponente, mas também há outros locais icónicos e bonitos, como o Estádio Panathinaikos, onde se realizaram os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, ou o Syntagma, onde está o parlamento grego”, refere.



O treinador-adjunto destaca, também, “outros locais paradisíacos” num “país enorme, com cerca de seis mil ilhas”. “Ainda em Atenas, há o Monte Licabettus, que permite uma vista de 360 graus sobre a cidade, ou o Epidauros Teather, que tem uma acústica perfeita para concertos ao ar livre, não esquecendo a Olimpia, onde se realizavam os Jogos Olímpicos da Era Antiga. Fora da capital, os gregos dizem que o melhor pôr do sol do mundo pode ser visto em Sounio, no Templo Poseidon. Há ainda a Meteora, que é um complexo de mosteiros, e a Monenvasia, uma fortaleza medieval situada numa península”, afirma.

Para lá dos encantos naturais gregos, António Henriques admite que se tornou fã de alguma da gastronomia local, confirmando que “os iogurtes fazem justiça à fama, porque são mesmo bons, tal como a salada grega”. “Aliás, os legumes na Grécia são de grande qualidade, tal como as azeitonas e o queijo Feta. Depois há a comida tradicional, como a Moussaka, que é parecida com a lasanha, e há algo que tem um nome parecido com a fogaça, a Bougatsa, um doce que faz lembrar o pastel de nata”, destaca o técnico, natural de Escapães, Santa Maria da Feira.

Totalmente ambientado à Grécia, António Henriques confessa que “trabalhar uma década com a mesma equipa técnica tem ajudado à estabilidade”, considerando que o grupo liderado por Pedro Martins soube adaptar-se às exigências de um país diferente. “É fundamental, sobretudo para o Pedro, poder olhar para o lado e sentir confiança e lealdade por parte da sua equipa. Isso é recíproco, e não é por acaso que existe uma forte ligação que nos permite superar os momentos menos bons, mas também viver com entusiasmo todas as conquistas”, revela, ele que vai “matando saudades da família através das novas tecnologias”. “Mas há aquelas alturas em que sinto a falta dela, dos amigos e da minha terra”, conclui.

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23 de Janeiro de 2021
Vítor Hugo Carmo
geral@afatv.pt
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