Três contos de fair-play que demonstram quais os valores mais importantes no desporto

A primeira metade da atual temporada trouxe, nas competições tuteladas pela Associação de Futebol de Aveiro, vários momentos em que o fair-play ditou leis, obrigando os árbitros a agir em conformidade e a exibir, em forma de tributo, o respetivo cartão branco.

A AFA TV destaca três desses casos, contados na primeira pessoa pelos seus protagonistas, sem deixar cair no esquecimento os exemplos dados por Francisco Oliveira, Pedro Pinto, Martim Ferreira e Paulo Silva (CP Esgueira), Alexandre Fernandes (RD Águeda), José Gonçalves (União 1919), Bruno Reis (CRECUS), Isaac Silva (GRC Telhadela), Caio Moraes (CB Albergaria-a-Velha), André Almeida (UD Bustos), Mariana Silva e Maria Soares (ASCD Unidos Rossas), também eles, entre tantos outros, campeões do desportivismo.

Marta Reis | CF Santa Clara
Interdistrital Feminino de Futsal: CF Santa Clara-CP Miranda do Corvo


"O jogo estava a decorrer e a guarda-redes da equipa adversária avançou com a bola até mais ou menos o meio-campo. Consegui recuperá-la, mas nesse momento ela deu um mau jeito no joelho, penso que foi uma entorse. Na altura, ninguém se apercebeu da gravidade da lesão e a jogada continuou. Como estava a correr em direção à baliza, não consegui ver a atleta que se tinha lesionado, mas apercebi-me de que era algo de mais grave quando comecei a ouvir os gritos de dor dela. Logo de seguida, a minha capitã, a Adriana, que tinha ficado mais para trás, pediu 'bola fora'. Eu já estava pronta para rematar à baliza, que estava aberta, e fazer o golo, mas decidi chutar a bola pela linha lateral, para que a guarda-redes pudesse ser assistida. Até fui ter com ela, para ver como se encontrava. Posso afirmar que foi uma boa atitude da nossa parte, começando pela minha capitã, que deu o aviso, e acabando em mim, que meti a bola fora. Mas o mais importante foi o gesto de fair-play que mostrámos enquanto clube. O Santa Clara é isto mesmo, uma equipa com valores. Foi um momento gratificante, visto ter sido a primeira atleta do clube a receber um cartão branco. Somos todas atletas, sabemos o quanto uma lesão nos afeta e nos pode prejudicar física e mentalmente, ainda para mais quando elas são mais graves e necessitam de um longo tempo de pausa e recuperação. Este tipo de situações não nos é indiferente, tentamos sempre ajudar. Espero que este episódio sirva também de exemplo para todos, principalmente para os mais novos. São o nosso futuro e é neles que devemos incutir estes valores".

Cristiano Melo | SC Paivense
Divisão de Honra Sub-17: SC São João de Ver-SC Paivense


"Estávamos num contra-ataque. Um colega meu chutou a bola e o central da outra equipa cortou-a, mas o pé dele torceu, ao ponto de ter tido uma lesão muito grave. A bola sobrou para mim, fiquei de caras para a baliza, mas vi que o jogador ficou deitado no chão. O meu primeiro instinto foi logo parar a bola e atirá-la para fora. Fui logo ter com o rapaz para perceber o que se tinha passado, porque vi que ele estava mesmo mal. O resultado estava 0-0, podia ter marcado, mas meti a bola fora. Se fosse ao contrário, era aquilo que gostava que fizessem comigo. O árbitro reconheceu isso e mostrou-me um cartão branco. Os jogadores da outra equipa e os pais do atleta agradeceram-me, no final do jogo. Para mim e para os meus pais, que estavam presentes, foi um orgulho. Cartões amarelos e vermelhos, ninguém gosta de ver, mas um cartão branco, para mim, significa muito. É uma coisa positiva pela boa atitude que tive".

Chino | AA Macinhatense
2.ª Divisão Distrital: ADCF Santo André-AA Macinhatense


"Foi um lance em que a nossa equipa fez uma boa transição, com bola nas costas da defesa, e eu fiquei isolado. O guarda-redes adversário saiu para tentar anular a profundidade, mas acabou por se agarrar à perna e caiu no chão. Como acho que a nossa equipa tem qualidade para fazer golos, não era justo marcar daquela forma. Então, decidi meter a bola fora. Receber o cartão branco gera um bom sentimento. Gostava que fizessem a mesma coisa se fosse ao contrário. Também foi bom ver a atitude da equipa adversária, que agradeceu o comportamento que tive. Foi uma boa atitude de ambas as partes".

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1 de Janeiro de 2025
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