Pedro Justo, o En9rme, fez o jogo 450 na carreira: “São momentos que ficam guardados para a vida”

O 'En9orme' chegou aos 450 jogos oficiais na carreira, um feito com direito a dedicatória especial atingido por um guarda-redes cuja 'loucura sã', que nunca se coibiu de extravasar, lhe permitiu construir uma carreira de autor, digna de um apaixonado pelo futebol. “Gostava muito de chegar aos 500 jogos, mas quero é chegar ao próximo treino com a mesma alegria. É o que me dá alento para continuar a jogar”, confessa Pedro Justo, que hoje é dono da baliza da UD Mansores, na 1.ª Divisão Distrital.

O número redondo dos 450 jogos enquanto sénior foi atingido em Nogueira da Regedoura, onde cumpriu o seu papel na perfeição, mantendo as suas redes a salvo (0-0). Na bancada, alguns amigos marcaram a efeméride com “uma cartolina e palavras de incentivo”, que o deixaram “orgulhoso e ligeiramente emocionado”, recorda o guarda-redes. “É sinal de que o futebol vale a pena. São momentos como esses que ficam guardados para a vida”, confessa.

Para trás ficaram memórias inesquecíveis, como “ter sido campeão distrital com a Sanjoanense e ter ganho a Supertaça, com dois penáltis defendidos na decisão”, ou a “prestação notável, com um nível de camaradagem único”, pelo FC Cesarense, em 2021/2022. “Não só os jogadores eram meus amigos, como a Direção era constituída por amigos da minha infância. Isso teve um valor sentimental único. Foi um dos grupos mais marcantes que tive na carreira”, conta.

No seu álbum de recordações também há espaço para momentos de maior contrição. “Perdi uma final da Taça de Aveiro pelo Fiães, contra o São João de Ver, e essa foi das derrotas mais bonitas da minha vida. Foi um dia espetacular, um espetáculo incrível, com uma moldura humana top”, diz.

Até ver, faltou-lhe apenas “ganhar a Taça de Aveiro”, uma vez que até um golo marcou. “Todos os jogos foram importantes, mas os que disputei ao serviço do Cesarense e da Sanjoanense, os meus dois clubes do coração, tiveram um significado especial”, acrescenta, ressalvando que nutre “um carinho muito grande por todos os clubes” que representou. “Pelos posts nas redes sociais e pelas reações (ao jogo 450 na carreira) de vários colegas, adeptos, antigos treinadores e presidentes até, é gratificante perceber que tudo isto faz sentido. É uma etapa muito gira na minha vida”, orgulha-se.

Uma história incrível, que começou quase sem aviso prévio. “Ingressei no meu primeiro clube, o Nogueirense, numa quinta-feira e o primeiro jogo oficial era no domingo seguinte. Eles precisavam de um guarda-redes, o que acelerou o processo. Fui para a baliza e apaixonei-me”, recorda Pedro Justo, um homem talhado para a missão: “Costuma dizer-se que 'de louco todos temos um pouco', mas os guarda-redes abusam. Como sempre tive a minha 'panca' bem visível, assentou-me que nem uma luva. Até o termo fica engraçado”, brinca.

A excentricidade que sempre cultivou fica patente, também, no nome, En9orme, e no número, o 9, que tem estampados na sua camisola. “Era completamente louco pelo Vítor Baía. Foi o meu ídolo e sempre o considerei o melhor guarda-redes do mundo. Como o meu objetivo era ser o segundo Vítor Baía, se ele era o 99, bastou tirar-lhe um dos 9. Depois, outro jogador que sempre admirei foi o Ronaldo 'Fenómeno', que jogava com o 9. Nos torneios de futsal, na escola e interfreguesias, jogava na frente com o 9, um número de quem marca golos e faz fintas. Há uns 15 anos decidi que ia jogar com o 9, ponto final”, começa por explicar.

“Em relação ao Enorme, também tenho o dom de me gabar com fartura. De cada vez que fazia uma defesa dizia que era 'enorme, um gigante, um monstro'! E foi ficando o enorme, até que um colega de balneário mandou-me uma mensagem e, no final, escreveu que eu era mesmo 'En9rme'. Pôs o '9' em vez do 'O' e eu vi que estava ali o casamento perfeito. Assim ficou e é assim que vai continuar”, completa.

Pedro Justo não esconde que “gostava muito” de atingir a marca dos 500 jogos oficiais, mesmo que os 41 anos no bilhete de identidade sejam sinal de que “está para breve o término da carreira”. “Toda a gente me diz 'nunca mais acabas', 'está na hora', mas enquanto tiver esta paixão, este brilho em ir para os treinos, vou querer continuar. Dou grande valor à parte do pré e do pós-jogo, ao convívio e às amizades que se criam. Também acho que a minha presença ajuda as pessoas a soltarem-se um bocadinho”, diz enquanto agradece o apoio “incansável” dos pais no acompanhamento da vida familiar. “Estou-lhes eternamente grato por essa ajuda”.

Hoje, o guarda-redes é peça importante numa UD Mansores que montou, para esta época, “uma equipa praticamente nova, com jogadores muito jovens”, o que “requer o seu tempo e trabalho”. Elogiando um “clube muito acolhedor, com pessoas fantásticas”, Pedro Justo acredita que, “ganhando as rotinas e a confiança, é possível fazer um bom trabalho”. “Mais tarde ou mais cedo, as vitórias vão acontecer. Certamente, daremos muitas alegrias àquele povo e àquela família que tanto as merece”, conclui o guardião, bem ao seu estilo: Enorme!

JD Carregosense e CD Estarreja lideram isolados
A UD Mansores segue na 10.ª posição da Zona Norte da 1.ª Divisão Distrital, que é liderada pela JD Carregosense, que derrotou a ACRD Mosteirô por 3-0. A dois pontos de distância surgem a ARC São Vicente Pereira e o GD São Roque, que derrotaram, em ambos os casos por 1-0, a Geração RD e a AD Argoncilhe, por esta ordem.

O SC Paivense e o FC Cesarense triunfaram nas casas de RC Nogueirense e Romariz FC, em ambos os casos por 2-1, enquanto o CD Arrifanense levou de vencida o GD Ronda por 3-1.

Quanto à Zona Sul é comandada pelo CD Estarreja, que derrotou o GD Mealhada por 4-1, resultado para o qual Rui Mateus contribuiu com dois golos. Para trás, na tabela, ficou a UD Bustos, que empatou a zero no estádio da LAAC.

Já o SC Fermentelos bateu a ADC Vila Nova de Monsarros por 1-0, resultado pelo qual a AD Valonguense superou o SC Beira-Mar B. CR Antes e UD Mourisquense saíram vitoriosos das visitas ao FC Pinheirense (1-2) e ao Anadia FC SAD B (0-3), respetivamente, numa jornada em que GD Calvão e AD Valecambrense empataram a uma bola.

Fotografia
União Desportiva Mansores

31 de Outubro de 2024
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