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O silêncio do futebol que interrompeu os golos “cantados” pelas vozes da rádio

Se estivessemos a viver dias normais, a tarde de hoje seria preenchida com muito futebol e futsal, em jogos espalhados por vários pontos do distrito, que chegariam a muitos de nós pelas vozes daqueles que se dedicaram a gritar os golos das nossas vidas. Os relatadores são uma companhia em dia de jogo e narram, de uma forma única, as emoções do futebol. Com a interrupção dos campeonatos, também eles confessam as saudades que sentem da adrenalina do jogo e dos momentos surpreendentes dentro das quatro linhas. São vozes que se guardam no tempo e que anseiam pelo grito de novos golos.

Manuel Silva: "Sinto saudades do microfone e da adrenalina do futebol"



Manuel Silva está na rádio há 30 anos, sendo, atualmente, uma das vozes da Sintonia Feirense, emissora de Santa Maria da Feira. Para o relatador, um país sem futebol representa “algo diferente, mas a saúde de todos está acima de tudo”. “Apesar disso, para quem está habituado a andar de microfone na mão e fica sem futebol de um momento para o outro, é difícil. É uma nova vivência. Sinto saudades do microfone, da narração, das jogadas e de toda a adrenalina que o futebol proporciona”, admite, ele que presenciou, esta época, “momentos de bom futebol até à paragem dos campeonatos”. Confesso que tenho apreciado a forma de jogar do Alex Brandão, do São João de Ver. Estando numa tarde boa é difícil ser parado. Além disso, nos nacionais, o Léo, que alia a técnica à velocidade, tem-se evidenciado no Lusitânia de Lourosa”, revela, ele que, dos muitos jogos que leva na carreira, recorda com “grande emoção o relato do golo do Porcellis, pelo Feirense, em Chaves”. “Deu o empate que siginificou a subida à 1.ª Liga. Foi um momento único. Gritei muito, mesmo”, admite.


Dinis Silva: “Sinto-me até um pouco órfão”



Dinis Silva é relatador na Rádio Voz de Esmoriz e acompanha em permanência o clube local. A paragem dos campeonatos fez com que começasse “a sentir a falta do futebol”. “Sinto-me até um pouco órfão. Estamos habituados ao futebol durante quase todo o ano, só em agosto aproveitavamos para recarregar baterias. Neste caso, fomos todos apanhados de surpresa. Sinto saudades do jogo em si e da adrenalina dos relatos”, admite, lembrando que teve “a felicidade de ver momentos emotivos esta época”. “O Esmoriz é o clube que acompanho em permanência. Por isso, tenho mesmo de destacar jogadores como o Jean Paul, o Vasco e o Daniel Oliveira. Curiosamente, um dos golos que mais prazer me deu relatar foi o do Daniel Oliveira na reviravolta frente ao Gafanha, esta temporada”, revela.


Hélder Ferreira: A voz “fechada” na cerca



Para Hélder Ferreira, da Rádio AVFM, “tudo se torna mais complicado quando se está ligado ao município de Ovar, que está em cerca sanitária” desde 18 de março, o que leva o relatador a sentir ainda mais saudades “dos dias em que tinha de acordar e ir para os campos de futebol fazer relatos. “Estamos numa situação complicada e é óbvio que sem futebol não há a adrenalina dos relatos. Sinto falta dos momentos de entusiamo que o desporto me dá”, confessa, ele que vibrou na presente temporada ao relatar “um golo emocionante do Rolas, pela Ovarense, na visita ao FC Cesarense”. “Além disso, esta época também gostei de ver a atuação do Óscar Beirão, do São João de Ver. É um jogador de técnica apurada”, assume.


Pedro Martins: O sentimento estranho da ausência do futebol



Há mais de 15 anos com uma relação estreita com a rádio, Pedro Martins admite que “tem sido complicado estar sem futebol”, ele que é locutor na “Terra Nova”, de Aveiro. “Criámos o hábito, ao longo dos anos, de ir ao futebol ao fim de semana e sentimos falta disso, da viagem, do passeio e do relato. É um sentimento estranho, até porque temos de ficar muito tempo em casa”, explica, ele que, durante a atual temporada, ficou “surpreso com a prestação do Pedro Aparício, do Beira-Mar”, clube de quem faz, habitualmente, os relatos. Pedro Martins tem a “paixão do jornalismo e da rádio”, a qual já lhe proporcionou “momentos empolgantes”, como “no golo do Beira-Mar, num remate do Carlos Daniel do meio da rua, frente ao Torreense”, recorda.

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5 de Abril de 2020
Vítor Hugo Carmo
geral@afatv.pt
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