João Pedrosa: "O nosso Governo diz que as pessoas estão a cumprir ao máximo mas eu não noto isso"

Ao atender o telemóvel, João Pedrosa avisa que a conversa tem de ser breve. A meia hora disponível para almoçar não estica e todos os minutos contam naquele intervalo antes do regresso ao trabalho. Por lá, as regras são claras. “Temos de manter sempre uma distância de dois metros entre cada colega de trabalho. Só podem ir quatro pessoas de cada vez à cantina, tal como à casa de banho, e os desinfetantes estão espalhados pela fábrica. Estamos a cumprir”, enumera.

Ainda assim, assume alguma dificuldade em “estar 100% focado no trabalho, sabendo que pode, a qualquer momento, estar a lidar com uma pessoa que está contaminada, ou ele próprio estar contaminado e infetar alguém”. Isso leva-o a ter cuidados redobrados sempre que chega a casa. “Vou logo direto tomar banho e estou sempre a lavar as mãos e a desinfetar”, tudo para não colocar em risco a família.

O novo quotidiano a que a pandemia da Covid-19 obriga mexe consigo. “Isto afeta-me psicologicamente”, confessa, ou não fosse ele uma pessoa ativa, que gosta de “andar sempre de um lado para o outro e de praticar desporto”. Hoje, limita-se a umas curtas corridas e aos jogos de futebol com o filho, na sala de estar. “Estava habituado a chegar a casa, pegar nele e irmos dar um passeio. Neste momento, só dá para isso”.

Natural de São João de Ver, freguesia do concelho de Santa Maria da Feira, João Pedrosa acredita que, “aos poucos, isto está a levar o mesmo caminho que os outros países”, no que toca à expansão da Covid-19 pelo território nacional. “Como adotámos medidas um bocado tarde, convinha antecipar o que os outros países já estão a fazer. Por exemplo, em Itália estão a fechar mesmo tudo, e eu acho que passará por aí”, acredita, mesmo que isso possa vir a trazer perdas avultadas à economia. “Não podemos resolver dois problemas de uma vez. Primeiro, resolve-se um e, depois, há de se resolver o outro”, conclui o melhor marcador a liga do futebol popular de Ovar, que atua no Stop FC.

Com o número de infetados a crescer diariamente, João Pedrosa pede, sobretudo, civismo, para que a situação não ganhe outros contornos. "O nosso Governo diz que as pessoas estão a cumprir ao máximo (as medidas de contenção), mas eu não noto isso. Vou às compras e vejo pessoas que não respeitam a distância para os outros. Quando os cafés ainda estavam abertos, sentavam-se quatro pessoas numa mesa a jogar cartas. Acho que as pessoas ainda não perceberam muito bem esta situação", lamenta.

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26 de Março de 2020
Rui Santos
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