João Basso, o central goleador que até a festejar mostra que é líder

Não sendo caso único, é pouco usual uma equipa ter num dos defesas centrais o seu melhor marcador, mas quando ele é tecnicamente evoluído e agressivo nas bolas paradas ofensivas a coisa começa a fazer mais sentido. É o que acontece com João Basso, brasileiro de 24 anos que teve de batalhar muito para atingir o estatuto de que goza atualmente no FC Arouca, na Liga Portugal 2 SABSEG. “Fico muito feliz por ele estar a ter este sucesso. Merece-o pela dedicação e perseverança”, salienta Alexandre Santos, que o orientou no Real SC e nos Sub-23 do Estoril.

Com sete golos apontados, João Basso lidera a lista de artilheiros dos arouquenses esta época, à frente de André Silva e Adílio, que seguem a dois tentos de distância. Dos sete, cinco foram apontados da marca de grande penalidade, uma especialidade de um defesa central “com qualidade técnica” para o fazer, defende Alexandre Santos. Os restantes surgiram na sequência de lances de bola parada, tal como aconteceu na última jornada, no triunfo por 3-0 dos arouquenses diante do FC Porto B. “Ele tem uma forte predisposição para atacar a bola e gosta desses momentos”, acrescenta o treinador.

Alexandre Santos sabe do que fala. Quando se conheceram, em janeiro de 2018, João Basso era ainda um menino de 20 anos, emprestado pelo Estoril, então na Liga NOS, ao Real SC, do segundo escalão, com o objetivo de aprimorar qualidades e de acelerar a adaptação ao futebol português. “Na altura, ele não estava a conseguir afirmar-se numa equipa da 2.ª Liga, o que era frustrante, mas mostrou grande perseverança e capacidade de trabalho, nunca baixando os braços. Tivemos algumas reuniões, em que víamos vídeos, e ele queria saber o que tinha de melhorar para se tornar num central mais forte”, recorda o treinador.

Mesmo não tendo somado muitos minutos na segunda metade daquela época, entre os dois nasceu uma amizade forte, que ainda hoje perdura. Curiosamente, na temporada seguinte, Basso e Alexandre Santos reencontraram-se nos Sub-23 do Estoril e aí a história foi bem diferente. “Lembro-me que ele queria uma situação melhor, mas acabou por ficar e foi o meu capitão. Nessa altura, via-o como um jogador mais maduro e capaz de aproveitar a Liga Revelação para dar o salto para um nível mais alto”, o que viria a suceder.

Depois de se ter estreado na equipa principal estorilista nessa mesma época, num triunfo por 3-1 diante da UD Oliveirense, o defesa optou por rumar ao norte do país para ajudar o FC Arouca a regressar à Liga Portugal 2 SABSEG, na temporada passada. Baixar ao Campeonato de Portugal revelou-se um risco calculado, um passo atrás para poder vir a dar dois em frente no futuro, acredita Alexandre Santos.



“No ano seguinte vejo-o no Arouca. O crescimento e a capacidade que teve para fazer um excelente campeonato e aproveitar essa experiência para se tornar num jogador mais completo e maduro” impressionaram o técnico, que lhe elogia a evolução “no momento de libertar a bola, para ser mais incisivo e, assim, complicar menos o jogo”.

Aos 24 anos, João Basso é um defesa central que, "não sendo altíssimo”, tem “boa leitura do jogo, boa colocação posicional, importante na construção ofensiva do jogo da sua equipa, e desenvolveu uma maior agressividade defensiva”. Sim, porque “um central tem de construir bem, mas também tem de fazer o seu trabalho defensivo”, e o brasileiro “está a amadurecer” nesse aspeto, considera o técnico.

Outro ponto importante prende-se com o papel de líder que desempenha no balneário do FC Arouca, traços que já evidenciava nos anos em que trabalhou com Alexandre Santos. “É um miúdo com valores de coletivo, de grupo, e que tem caraterísticas claras de liderança. Tem uma personalidade forte e gosta de liderar”. Isso vê-se até nos festejos dos golos que marca, com uma continência, demonstrando que é um dos comandantes da equipa.

Fã de Sergio Ramos, pela liderança, por fazer golos, pelos títulos e pelo profissionalismo, João Basso aponta a altos voos, acredita Alexandre Santos. “Depois de ter passado por tudo o que passou desde que chegou a Portugal, está a colher os louros dos sacrifícios e da abnegação que teve quando as coisas não lhe estavam a correr bem. Vai ter certamente uma oportunidade em escalões superiores, seja no próprio Arouca ou noutra equipa que possa aparecer, porque tem sido um dos destaques da 2.ª Liga”, sustenta.

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Pedro Fontes Fotografia

7 de Abril de 2021
Rui Santos
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