Foi uma vitória com contornos de filme de Hollywood, a do GD Milheiroense sobre o AC Cucujães, em jogo a contar para a II Eliminatória da Taça PECOL Powertools. Depois de sair para o intervalo a perder por 2-0, a turma de Milheirós de Poiares conseguiu uma reviravolta fantástica, para a qual em muito contribuíram um golo de baliza a baliza e outro desde o meio-campo.

O início de época periclitante, aliado à desvantagem de dois golos no descanso do encontro, diante de uma equipa de escalão superior, não faziam adivinhar um bom final para os comandados de João Paulo. “Os dois golos do AC Cucujães surgem de dois erros nossos”, começa por explicar Bruno Almeida, que lembra as palavras do mister e o sentimento que o invadia ao intervalo:

“Disse-nos que se fizéssemos o que ele tinha pedido e acreditássemos em nós, conseguiríamos dar a volta ao resultado. Temos um plantel jovem, mas com muita qualidade para a divisão em que estamos. Eu acreditava que podíamos dar a volta ao resultado e passar, porque se não acreditasse nem tinha reentrado na segunda parte”.

Se João Paulo tem uma bola de cristal, poucos saberão, mas certo é que a segunda metade foi em tudo diferente dos primeiros 45 minutos. Poucos minutos depois do reatamento, Bruno Bernardes deu o primeiro trago de esperança aos locais e cinco minutos volvidos chegaria o momento da tarde.

Em estreia pelo conjunto milheiroense, Bruno Almeida restabeleceu o empate com um golo de costa a costa e ganhou “uma história para contar aos netos”. “Não estava nada à espera, foi uma estreia feliz e ainda bem que aconteceu. Estava destinado”, regozija-se.

“O Marcelo, que é nosso defesa-central, passou-me a bola num livre e eu, à entrada da grande área, tentei pontapear para o Airton, o ponta de lança. A bola passou um pouco mais do que se esperava, bateu à frente do Jacinto e passou-lhe por cima”, conta, garantindo que foi nesse momento que soube que a equipa iria “conseguir a reviravolta” e “ganhar o jogo”.

Um momento que o guarda-redes jamais esquecerá, mas que parece não querer repetir por culpa do festejo. Confuso? Bruno explica: “Sinceramente, acho que não vou marcar mais nenhum golo, porque não sei festejar, sou horrível”, brinca.

E se o 2-2, só por si, já constituía uma história para contar aos netos, o que aconteceu a seguir foi o culminar do tal contorno hollywoodesco que capta a atenção de qualquer um. Igor Pereira, em cima do apito final, aproveitou o adiantamento do guarda-redes contrário e, ainda no seu meio-campo defensivo, atirou para a baliza deserta, assegurando o triunfo e a passagem do GD Milheiroense.

“Foi uma loucura total, dos melhores momentos que já vivi no futebol”, sublinha Bruno Almeida, que vê nesta conquista “o clique” necessário para “dar a volta” ao momento menos bom que a equipa passava.

“Temos de dar continuidade, acreditar no plantel e fazer bons resultados, a começar já pelo próximo jogo, contra a Geração RD. Vamos pensar jogo a jogo, mas com os olhos postos na subida de divisão”, sustenta, ele que pretende “fazer uma temporada boa e completa”, algo que, admite, “já não acontece há algum tempo”.

Fotografia: GD Milheiroense