Fausto Lourenço exorta a simbiose que deu a liderança ao Anadia FC no Campeonato de Portugal

Foi o autor do golo da vitória do Anadia FC sobre o SC Beira-Mar no recente jogo de acerto de calendário da Série D do Campeonato de Portugal e acredita que o clube tem legitimidade para almejar a 2.ª Liga. Fausto Lourenço, que se destacou nas seleções nacionais jovens com 32 internacionalizações e 11 golos, chegou à idade adulta com uma larga experiência trazida na bagagem, a qual levou para outros países da Europa quando decidiu embarcar numa aventura fora do seu país. Esta época conta já com quatro golos.

O extremo, de 34 anos, admite que o registo pessoal até agora alcançado “dá mais confiança”. Marcou nos últimos três jogos, sublinhando, ainda assim, que “o mais importante são as vitórias da equipa”.

“Não me faz diferença quem marca os golos, desde que os jogos terminem com o nosso triunfo. A nível individual esta época tem sido ótima, mas nada se consegue sem o grupo. O Anadia está a dar-nos boas condições para fazermos bem o nosso trabalho. Quando há uma simbiose entre os jogadores e o clube é mais fácil trabalhar. Os bons resultados são o reflexo disso”, explica o jogador.

Fausto Lourenço confessa que o percurso do Anadia FC na Série D, com apenas cinco golos sofridos e sem derrotas, está a ser surpreendente. “No início da época, pensava que seria difícil chegarmos à situação em que estamos, sem derrotas, devido à qualidade da série em que a equipa está. O que é certo é que valemos pelo todo e temos tirado benefícios disso. Não é por acaso que chegámos à liderança, mas porque fazemos o que nos é pedido, seja a atacar ou a defender”, destaca.

O extremo, que se iniciou no futebol depois de três anos a jogar andebol, recorda que desde os primeiros tempos nos relvados tem sido feliz na relação com o jogo. “Comecei no Mirandense, clube da minha terra, e no ano seguinte já estava na Académica. Aconteceu tudo tão rápido que acabei por receber um convite para jogar no FC Porto. Andava sempre muito motivado”, afirma.

Fausto Lourenço aponta ainda ao “privilégio de partilhar o balneário com jogadores de excelente qualidade”. “Tive a possibilidade de representar um dos maiores clubes de Portugal, que tem realmente uma mística diferente. Além disso, joguei com atletas como o Paulo Machado, o Vieirinha ou o Hélder Barbosa”, lembra, ele que acabou por iniciar uma etapa de sucesso nas seleções nacionais de formação, participando no Campeonato da Europa de Sub-17, em 2004, disputado em França.

“Acabei por ser o melhor marcador, nesse ano, ao nível das seleções, contando com os jogos de apuramento e da fase final da competição. Foi o expoente máximo de tudo o que vivi no futebol, já que representei o meu país e ainda ficámos no 3.º lugar da prova, depois de termos vencido a Inglaterra”, refere.



Entretanto, o jogador regressou à Académica, onde se estreou como sénior, sendo posteriormente emprestado ao Tourizense e ao Anadia FC. E foi depois do ano de estreia no clube ao qual regressou esta época que Fausto Lourenço aceitou o desafio de jogar fora de Portugal, assinando pelo Lokomotiv de Mezdra, da Bulgária.

“Começei a época a fazer recuperação de uma operação a uma hérnia inguinal e atrasei-me no processo de adaptação à equipa. Estava num país com uma cultura diferente e que, na altura, não estaria tão desenvolvido como Portugal, mas gostei de jogar lá”, admite, ele que acabou por rumar ao Chipre, para jogar no Onisilos por uma época, vestindo ainda a camisola do Neuchatel Xamax, da Suiça. “O Chipre é um excelente país, com um clima fantástico, em que é verão quase todo o ano. Também gostei de lá estar, mas a melhor experiência a nível sénior foi no campeonato suíço. Estava num país de primeiro mundo, a nossa equipa lutava pela manutenção, que conseguiu alcançar, e ainda fomos à final da Taça, que acabámos por perder para o Sion”, recorda.

O extremo regressaria a Portugal para representar o Leixões, “um clube com uma grande mística, que esteve muito perto de subir à 1.ª Liga”, sendo que a sua prestação pela formação de Matosinhos mereceu a atenção do Atyrau, do Cazaquistão. “Também foi uma boa experiência. É um país enorme e as cidades estão muito isoladas umas das outras. Estava numa cidade em que uma metade pertencia à Europa e a outra à Ásia. Ela fazia ainda fronteira com a China e a Mongólia. Astana, a capital do país, é fantástica, mas tínhamos de ir de avião. Foi mais uma aventura no futebol que me fez crescer”, salienta.



Fausto Lourenço voltou a Portugal para jogar pelo Freamunde, um clube que “gostaria de ver recuperado”, pela “experiência muito boa” que viveu. “Estivemos perto de subir à 1.ª Liga e eu sentia-me na minha melhor forma. Infelizmente, o clube acabou por descer aos distritais. Gostaria que realmente começasse a recuperar, sobretudo pelas pessoas da terra, que são fantásticas”, revela, ele que ainda jogou pelo Vilaverdense, Merelinense e Gondomar, antes de regressar ao Anadia FC. “Nessa fase da carreira, estive perto de regressar à 2.ª Liga, pelo Vilaverdense, mas foi o Mafra que ganhou um lugar na competição depois de nos eliminar no playoff do Campeonato de Portugal. Não subimos, mas estava numa competição que tem cada vez mais valor. A Série D desta época é um exemplo disso”, afirma, recordando os objetivos do Anadia FC.

“Nós trabalhamos diariamente para atingirmos o topo. Pela qualidade e organização que existe no clube, o Anadia pode almejar outro campeonato. Estamos na liderança, mas temos de ir jogo a jogo, sendo que, na fase seguinte, também vão estar equipas de grande qualidade”, conclui.

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4 de Fevereiro de 2021
Vítor Hugo Carmo
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