Quando lhe perguntarem sobre um verdadeiro reforço de inverno, lembre-se do exemplo de Arsénio, que chegou a Arouca, em dezembro do ano passado, para puxar a equipa novamente para cima na Liga Portugal 2 SABSEG. O avançado vai em três jogos seguidos a marcar, sendo que os dois últimos golos valeram triunfos preciosos diante do anterior líder, o Estoril, e na sempre complicada visita à casa do Leixões.

A influência de Arsénio no jogo do FC Arouca mede-se em números, alguns dos quais impressionantes para um jogador que chegou, com a época a decorrer, a uma equipa que, depois de promovida do Campeonato de Portugal, cedo deu sinais de se poder tornar num caso sério esta temporada. O atacante encabeça a lista dos reforços de inverno mais concretizadores, com três golos, apontados, curiosamente, nas últimas três partidas.

“O Arsénio entendeu o que precisava de fazer para poder ajudar a equipa e tem-no feito na perfeição”, salientou o técnico dos arouquenses, Armando Evangelista, após o triunfo em Matosinhos, no último sábado. O treinador elogia-lhe a “experiência e humildade”, que levaram a que logo “no primeiro dia, quando chegou ao Arouca”, desse a sensação “que estava no clube há dez anos”.

O perfil é avalizado por Rui Miguel, hoje no FC Pampilhosa, do Campeonato SABSEG, que partilhou o balneário com Arsénio no Moreirense, em 2014. “É um rapaz de fácil trato, boa gente. Gostei muito de trabalhar com ele”, conta, elogiando-lhe a velocidade e a objetividade do seu jogo. “Ele era um extremo rápido, bom tecnicamente, que procurava logo a baliza”, acrescenta.

Mais longínquas são as recordações de Frodo, avançado que fez carreira em diversos clubes de Aveiro, que foi companheiro de equipa de Arsénio nas camadas jovens do FC Porto. E se, nessa altura, Frodo deu de caras com “uma realidade completamente diferente” da que conhecia e foi obrigado a “evoluir muito rapidamente”, o agora jogador do FC Arouca já dava nas vistas pelas virtudes técnicas e pela inteligência que demonstrava em campo. “Era um jogador com qualidade, distinguia-se de alguns. Ele, o André Pinto e o André Simões, entre outros, tinham um toque de bola completamente diferente. Depois, adaptava-se bem a diferentes posições no ataque. Estava uns passos à frente dos outros”, conta.



Tal como em 2014, então no Moreirense, Arsénio tem-se revelado um reforço de inverno valioso. Aos 31 anos, e depois de uma aventura pela Arábia Saudita, o extremo tem ajudado o FC Arouca a acertar o passo na Liga Portugal 2 SABSEG. “A equipa vinha andado algo intermitente, mas, ultimamente, tem feito bons resultados, fase que coincide com a chegada dele. Estando bem, ele veio para acrescentar”, acredita Rui Miguel, para quem a qualidade acaba por vir sempre ao de cima, mesmo para quem chega a meio de uma época. “Sei bem que se um jogador tiver qualidade e se a equipa estiver a precisar de alguém para uma posição específica, ele vai chegar, trabalhar e o treinador vai perceber a sua capacidade e pô-lo na equipa. Isso vem com naturalidade”, refere.

Arsénio procura ajudar o FC Arouca a recuperar terreno na corrida pelos lugares cimeiros da Liga Portugal 2 SABSEG. Depois de se ter estreado a marcar na derrota em Chaves (2-1), decidiu o duelo com o então líder Estoril (1-0), colocando um ponto final numa série de cinco jogos consecutivos sem vencer dos arouquenses, e repetiu a dose na partida seguinte, em Matosinhos, diante do Leixões (1-0).

A sete pontos da zona de acesso ao playoff de subida à Liga NOS, em Arouca reina um discurso de jogo a jogo, quando a pergunta se foca nos objetivos da equipa para o que resta jogar esta temporada. Ainda assim, se precisar de uma inspiração para lá chegar, pode focar-se no exemplo de Arsénio, que leva duas subidas de divisão no currículo, com o Belenenses e o Moreirense. O futuro dirá se não há duas sem três.

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Pedro Fontes Fotografia