Deram nas vistas no ENAJ e vão estar em finais importantes: "É sempre bom aprender com os melhores"

A 23.ª edição do Encontro Nacional do Árbitro Jovem (ENAJ), que reuniu, em Óbidos, entre os dias 11 e 13 de outubro, cerca de 120 árbitros, viu os aveirenses Leonor Albergaria, Constança Silva, Gonçalo Ávila e Mara Gonçalves destacarem-se nos diferentes testes realizados, o que lhes valeu a presença nas decisões das taças e Supertaças de futebol e futsal, esta temporada.

Para além deste quarteto, também Francisco Verga, Nuno Pinto, Clara Silva e Ivo Soeira, no futebol, e Diogo Machado, no futsal, representaram a Associação de Futebol de Aveiro no evento, exclusivo a árbitros com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos.

Ao longo do ENAJ 2024, os jovens participaram em diversas palestras, que tiveram como preletores nomes importantes da arbitragem, atletas e treinadores. Testemunharam ainda a colocação da primeira pedra da Academia da APAF, que vai ser construída em Óbidos, e marcaram presença na apresentação do livro “Nós como árbitros”.

Na parte formativa, fizeram um teste sobre as leis de jogo, outro em inglês e ainda um teste de vídeo, com imagens de lances específicos sobre os quais tinham de fundamentar uma decisão. Como novidade, este ano, foi igualmente realizado um teste psicotécnico.

A avaliação obtida por Leonor Albergaria, Constança Silva, Gonçalo Ávila e Mara Gonçalves garantiu-lhes a presença em alguns dos jogos mais importantes da temporada.

Leonor Albergaria: “Fui de 'paraquedas', mas espero fazer carreira e chegar a patamares mais elevados”

Leonor Albergaria aterrou no mundo da arbitragem há relativamente pouco tempo. Entusiasta pelo futebol, “tanto que quis ser jogadora mas nunca deu”, descobriu, durante as últimas Jornadas Mundiais da Juventude, que um colega era árbitro. “Achei engraçado e, passados uns dias, perguntei-lhe onde me podia inscrever”, conta. Árbitra desde fevereiro, sente que o papel que desempenha dentro das quatro linhas “tornou-se numa das coisas mais importantes” da sua vida. “Fui de 'paraquedas', mas espero fazer carreira e chegar a patamares mais elevados”, vinca.

Pela primeira vez no ENAJ, Leonor não poupa nos elogios à iniciativa. “Gostei imenso. Aprendemos muito com árbitros que, muitas vezes, vemos na televisão. Estar perto deles é uma experiência incrível e obtermos ensinamentos deles é ainda melhor”, diz. Na memória ficou o conselho sobre o comportamento a ter na bancada, sempre que decidir ir ao estádio assistir a um jogo de futebol: “Disseram-nos para termos muito cuidado. Não sabemos como vai ser a nossa carreira e, daqui a alguns anos, isso pode trazer problemas”.

Apesar do seu quotidiano “um bocadinho corrido”, com os fins de semana a dividirem-se entre a arbitragem e a música, a jovem confessa que tem “pensado muito” no papel que irá ter na próxima edição da Supertaça masculina de futebol, mesmo que estejamos a pouco menos de um ano de distância dela: “É um prémio incrível. Deixa-nos um bocado mais nervosos, mas sei que vai ser incrível”.

Constança Silva: “Entrei agora na Universidade, mas vejo-me a continuar na arbitragem”

Ao contrário de Leonor Albergaria, Constança Silva tem sido presença assídua nos últimos ENAJ, sempre com aproveitamento elevado nos momentos formativos, como o comprovam as nomeações para a Taça da Liga da futsal (2022), para final da Supertaça feminina de futsal (2023) e, este ano, para a meia-final da Taça de Portugal feminina de futsal, que se jogará em 2025.

“É muito motivador. Na minha primeira experiência (Taça da Liga), senti que estive um pouco mais afastada do jogo. Não do processo, mas do jogo. Esta última experiência (Supertaça) foi mesmo incrível. Já conhecia muitas das árbitras da equipa de arbitragem, que me acolheram ainda melhor do que na primeira vez. Fui colocada ao lado da mesa, completamente incluída nisso, e deixaram-me fazer os apontamentos das faltas e das advertências”, refere Constança, que confessa que o gosto pela arbitragem “tem crescido com o acumular de tantas experiências boas”, o que a leva a encarar a carreira como árbitra de forma séria: “Entrei agora na Universidade, mas vejo-me a continuar na arbitragem. É uma opção”.

Do último ENAJ, a jovem, de 17 anos, reteve a “muito melhor nota (que obteve) no teste de vídeo, até porque tinha treinado mais na minha associação”, acrescentando que a avaliação psicotécnica “correu bem, mas apanhou toda a gente um pouco de surpresa”.

Gonçalo Ávila: “É sempre bom aprender com os melhores”

Gonçalo Ávila é outro dos repetentes aveirenses, tanto no ENAJ como em nomeações para jogos decisivos, no futsal. Há um ano, a avaliação que obteve garantiu-lhe uma vaga na Supertaça masculina, que esta época se irá disputar apenas em dezembro, devido à fase final do Campeonato do Mundo se ter disputado entre os meses de setembro e outubro. Em 2025, vai estar na final da Taça de Portugal.

“É sempre bom aprender com os melhores”, diz, enquanto recorda o momento que mais o marcou, em Óbidos: “O Eduardo Coelho, que vai acabar a carreira este ano, foi quem me inspirou mais, porque é de Aveiro. O que me 'emocionou' mais foi ele ter dado a camisola com que apitou no Mundial ao presidente da APAF, com uma pequena mensagem para ele”.

Aos 16 anos, e com tantas experiências relevantes no currículo, Gonçalo confessa pensar seriamente em fazer carreira como árbitro. “Tenho a expetativa de, um dia, conseguir chegar ao topo, como os árbitro que estavam lá (no ENAJ)”, sublinha. Para já, vai evoluindo em Aveiro com a ajuda de conselhos partilhados, até, por dirigentes dos clubes que vai encontrando ao longo do seu percurso: “Dizem-me que é preciso ter muita coragem para se estar na arbitragem e que gostam de ver isso”.

Mara Gonçalves: “Diverti-me imenso, fiz amigos e memórias que levo para a vida”

Sem familiares no meio, acabou por ser António Sérgio Dias, amigo do seu pai, a motivar Mara Gonçalves a dar uma oportunidade à arbitragem. “Quando tinha 12 anos, fui com os meus pais ver um jogo em que ele estava a arbitrar. No final, ele começou a desafiar-me, tal como ao meu irmão, para, quando tivéssemos idade, tirarmos o curso de arbitragem”, recorda.

Na altura, Mara “não entendia o motivo de um golo ser anulado nem o que era uma falta e o que não era”, mas, um ano mais tarde, decidiu inscrever-se no curso. “Lembro-me de perguntar ao meu pai quanto custava. Depois de ele me ter dito que era gratuito, disse-lhe 'Por que não?'. Tirei o curso à noite, depois da escola e do ballet, que só acabava às 21 horas. Chegava a casa por volta da meia-noite”, conta.

“Agora, todas as quintas-feiras de manhã fico à espera que o meu chefe (Hélder Resende) me diga quais são os jogos do fim de semana”, acrescenta Mara Gonçalves, que tem como lema “ser melhor, todos os dias”. “Gostava de poder fazer um jogo grande, dos que aparecem na televisão, com a minha equipa de arbitragem (Hélder Resende, David Rodrigues e João Pedro Silva), que tanto me apoia e me motiva a ser melhor todas as semanas. Com a ajuda desta equipa, dos nossos colegas da AFA e da minha família, vou trabalhar para realizar este sonho”, completa.

Para já, tem a certeza de marcar presença na próxima final da Taça de Portugal feminina de futebol, como recompensa pela avaliação obtida no último ENAJ. “Não sei bem o que esperar, pois ainda estou meio surpreendida. Não estava à espera de ser selecionada para ir a um jogo tão prestigiado e estar com tão boas jogadoras e árbitras, mas espero, acima de tudo, que seja um jogo de qualidade muito elevada, com desportivismo e a honrar o que nos une a todos, que é o futebol. Acho que vai ser uma boa experiência e que me vou divertir”, refere.

Do ENAJ 2024, recorda uma “experiência enriquecedora, pois as palestras foram interessantes, com temas necessários, e o treino físico foi simples e prático”. “Diverti-me imenso, fiz amigos e memórias que levo para a vida”, conclui.

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19 de Outubro de 2024
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