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Da rebeldia à maturidade, Betinha aprendeu a liderar para vencer pela AD Ovarense

Admite que perdeu algumas oportunidades para se poder afirmar noutros patamares, sobretudo porque o coração falou sempre mais alto. Betinha nunca quis ficar longe da família e dos amigos, mas soube transformar a sua rebeldia dos primeiros anos de carreira numa maturidade que a leva a ser, hoje, capitã da AD Ovarense. No arranque da fase de manutenção da Liga BPI, marcou dois golos e fez uma assistência no triunfo da formação “vareira” por 4-0 sobre o Cadima, feito que fez a centrocampista recuperar a confiança que se tinha esvanecido no jogo anterior.

Betinha nunca tinha passado por “uma situação tão triste” como a que viveu na última jornada da primeira fase do campeonato. “Estávamos a vencer por 1-0. Falhei um penálti e ainda cometi falta para o penálti do Condeixa que nos retirou da fase de apuramento de campeão. Eu não sou de desistir, mas fui um pouco abaixo psicologicamente. Apesar disso, as minhas colegas e a estrutura do clube deram-me o apoio que precisava e estou com toda a confiança depois dos dois golos marcados (no último domingo)”, revela.



A jogadora, de 30 anos, acredita que a estreia a vencer da AD Ovarense na fase de manutenção da Liga BPI é um sinal de que a equipa está estável “para poder alcançar os seus objetivos”. “Já trocámos algumas vezes de treinador e isso também não ajuda, porque as ideias vão mudando. Contudo, o nosso mister manteve algumas das ideias do passado e implementou outras. O plantel está adaptado e a evoluir cada vez mais”, sublinha, ela que sente falta dos adeptos nas bancadas.

“A Ovarense é como uma segunda casa para mim. Os adeptos são fantásticos mas, infelizmente, não podemos contar com eles neste momento de pandemia. Muita gente diz que eu já podia estar noutros clubes, mas sinto-me bem na Ovarense, onde fui muito bem acolhida e sou acarinhada”, afirma.

Betinha começou a carreira nas Incansáveis, aos 14 anos, numa altura em que “ainda não sabia jogar em equipa e não passava a bola a ninguém”. O seu talento levou-a até à equipa sénior do Boavista. “Aí já percebia muito melhor o que era o jogo coletivo. No entanto, tive duas lesões no menisco e fui operada duas vezes. Quebrei um pouco nessa altura, porque estávamos na 1.ª Divisão e eu não podia mostrar o meu valor. Na segunda época, a treinadora queria que eu forçasse a recuperação, mas o médico aconselhou-me a não me apressar e recuperei na minha anterior equipa”, explica.



Seguiram-se três dos melhores anos na carreira de Betinha, que passou pelo Pasteleira, pelos Dragões Sandinenses e pelo Vila. Durante esse período apontou 107 golos, sendo chamada por algumas vezes à Seleção nacional Sub-19. “Era muito rebelde e faltava-me ter mais regra no campo. Sempre tive uma boa educação dos meus pais, mas não aproveitei da melhor maneira algumas das oportunidades que fui tendo no futebol. Cheguei a ter algumas propostas para jogar fora, mas nunca as aceitei. Julgo que prevaleceu mais o coração do que a cabeça, porque eu gosto de estar perto da família e dos amigos”, confessa.

A centrocampista não se arrepende do caminho que escolheu no futebol e sente “gratidão por todos os ensinamentos”, admitindo que fez da sua irreverência uma ferramenta “para melhorar em todos os aspetos”. “Sinto que a minha rebeldia se transformou em maturidade e tenho muito orgulho em ser capitã da Ovarense e ajudar a liderar um grupo fantástico. Com os treinadores e os diretores que fui conhecendo no futebol, tive o apoio para crescer como jogadora e para ser mais ponderada. Agora, vou continuar a fazer o que sempre fiz, a lutar para vencer todos os desafios”, conclui.

Fotografias
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2 de Fevereiro de 2021
Vítor Hugo Carmo
geral@afatv.pt
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