Com o 'bis' mais rápido da carreira, completado num par de minutos no duelo com o FC Cesarense, Sacra abriu caminho ao regresso aos triunfos do RD Águeda (4-1) no Campeonato SABSEG, comprovando, com golos, que a equipa continua empenhada em chegar aos lugares cimeiros da competição, depois de um arranque algo inconstante. “Temos um bom grupo e devemos sempre acreditar, enquanto for possível”, vinca.

O movimento, que o tempo tornou quase mecanizado, repetiu-se. Recebendo a bola descaído para o flanco esquerdo, Sacra faz a diagonal para o meio e, com o pé direito, encosta para o fundo da baliza. Uma espécie de cartão de visita de um avançado dono de um futebol vertiginoso, sempre de olhos postos na baliza adversária. “Se tiver algum espaço, é um movimento que tento fazer”, explica, e que lhe valeu o 'bis' mais rápido da carreira, construído entre os minutos 40 e 42. “Não me recordo de ter marcado dois golos tão rapidamente. No futebol sénior, tenho a certeza de que foi a primeira vez”, conta.

A cada tiro certeiro seguiram-se momentos de alguma contrição, pelo facto de ter sido em Cesar que Sacra deu os primeiros passos no futebol sénior, na altura cedido pela UD Oliveirense, onde completou a formação e disputou os campeonatos nacionais “desde os iniciados aos juniores”. “Joguei contra jogadores que estão ou estiveram lá em cima, o que só me ajudou”, lembra, ele que viveu, nos Sub-19, o ano mais marcante. “Aprendi muito e valorizei-me. Marquei mais de 30 golos e cheguei ao plantel sénior da Oliveirense, que estava na 2.ª Liga, mas acabei por não me estrear”, recorda.

Por muito paradoxal que possa parecer, foi também aí que começou a sentir uma certa desconfiança, depois de não ter tido uma oportunidade para se estrear pela equipa principal da União. “Se calhar, isso mexeu um bocado comigo. Quatro anos depois, olhando para trás, sinto que perdi um bocado de confiança nas minhas capacidades. São coisas em que nem sempre reparamos na altura”, nota.

Entretanto, venceu tudo o que havia para ganhar em Aveiro pelo SC Beira-Mar, viveu uma época positiva em Estarreja e, agora, procura manter a espiral de crescimento em Águeda para poder chegar aos campeonatos nacionais. “É claramente um objetivo”, para o qual promete “trabalhar para que ele aconteça”, num Campeonato SABSEG “cada vez mais forte, que tem jogadores com mais qualidade e direções com mais experiência”.

Lembrando que o RD Águeda é “uma equipa com bastante qualidade, mas também uma das mais jovens do campeonato”, Sacra vê o grupo a evoluir a cada jogo e garante continuar a olhar para os lugares cimeiros da tabela, pese embora os tropeções no primeiro terço da época: “Se não acreditarmos, não andamos ali a fazer muita coisa. Enquanto for possível, a equipa deve agarrar-se a isso. Sempre me ensinaram que nunca devemos atirar a toalha ao chão. Mesmo que achemos que é muito difícil, devemos agarrar-nos à mínima chance que houver e trabalhar sobre ela”.

Fotografia
Recreio Desportivo de Águeda