Antevisão e análise ao Campeonato SABSEG por Sérgio Oliveira

A jornada
Por vezes, quando ultrapassamos o portão de entrada de alguns estádios, sentimos o cheiro da história no ar. Podem passar por várias reformas de modernização, levar assentos novos ou relvado novo, mas nada retira o peso do lugar que tem na sua história a sua própria essência. O estádio Comendador Henrique Amorim, em Santa Maria de Lamas, é um desses casos e, na 16.ª jornada do Campeonato SABSEG, vestiu-se a rigor para ser anfitrião de um convidado de requinte, o São João de Ver. Mais do que uma mera equipa candidata, a explosão do resultado (1-4) e o esplendor da exibição da equipa de Ricardo Maia traduziram, claramente, a diferença de valores em relação à formação do União de Lamas que, no meu entender, nunca foi verdadeiramente capaz de incomodar.

No fundo da tabela, Paivense e Cucujães ganharam um novo impulso emocional com as vitórias frente a Fiães e Oliveira do Bairro, respetivamente, relegando os 'falcões do Cértima' para a posição de 'lanterna-vermelha'. Já o Avanca venceu na sempre difícil deslocação a Canedo e parece estar numa fase de apenas cumprir formalidades, pois tem demonstrado regularidade e qualidade permanente.

O Bustelo, de Miguel Oliveira, depois de uma escalada impressionante na tabela classificativa, saiu derrotado de Carregosa que, por sua vez, continua num excelente momento de forma e vai somando pontos importantes na fuga aos últimos lugares.


Destaque
Ainda que as lutas pela subida de divisão possam ser mais empolgantes - captando um maior número de atenções - e sabendo que o segundo lugar dá acesso à Taça de Portugal, o que implica, inclusive, contrapartidas financeiras, sou da opinião de que a diferença entre o primeiro e o segundo lugar não é tão grande como ficar na divisão principal ou cair no escalão secundário.

Neste contexto, as vitórias do Cucujães e do Paivense são o meu destaque e aumentam (ainda mais) a competitividade do campeonato. No Municipal da Boavista, a turma de Carlos Manuel obteve a primeira vitória diante dos seus adeptos, vencendo um irreconhecível Fiães que, saliente-se, está agora seis “pontecos” acima da linha de água. Valeu a experiência de Machadinho e Manuel Pinto. Em Cucujães, num autêntico embate de aflitos, um golo de João Santos ajudou a agudizar o momento atual do Oliveira do Bairro, que ocupa um lugar não condizente com a sua bonita história. Para mim, estas vitórias foram uma espécie de “segunda vida” e poderão (re)inventar um segundo campeonato.

Entre os vários golos da 16.ª jornada, em que houve mais do que um jogador a marcar por duas vezes (casos de Zé António, Rui Miguel e Gil), importa destacar o estonteante “bis” de Luccas Marques. A forma fria e veloz como decidiu e, depois, rematou tecnicamente perfeito para o segundo golo mostrou um goleador que se encontra num bom estado emocional e que reflete tudo o que um puro 9 deve ter.

Nem sempre as expressões de talento são fáceis de detetar (tirando, claro, quando estamos perante traços de génio) e há jogadores que é preciso saber-se apreciar e aprender a gostar. Sou admirador confesso das qualidades do Luccas, admiração que já vem do tempo em que representava o Fiães, e Tiago Leite foi astuto ao saber identificar um jogador que, na minha perspetiva, assenta que nem uma luva no modelo de jogo da Ovarense. Um puro 9 clássico.


A antevisão
Na 17.ª jornada, temos de olhar para um Fiães - Pampilhosa um pouco mais além, pois não são realidades tão diferentes como as que estão expostas na tabela classificativa. A equipa de João Pedro parece ter encontrado a fórmula para o sucesso e, agora que se aproximou dos lugares cimeiros, não quererá descolar do grupo da frente. Com um Rui Miguel acima da média, não tenho dúvidas de que os objetivos delineados no início da época continuam intactos. Porém, do outro lado, encontrará uma equipa com muito mais valor do que o atual 14.º lugar e onde estará em causa (também) a mão de ferro do mister José Pedro. Continuo a achar que o Fiães tem excelentes executantes e, neste duelo, o estilo de jogo “chuta e corre” dos velhos tempos será definitivamente um livro estilístico fechado no Bolhão. O jogo da jornada.

A receção do Avanca ao Esmoriz também marcará um duelo entre duas formações em plena zona de conforto. Isto porque a equipa de Migueli parece sentir-se melhor fora de portas (apenas uma derrota) e a turma de Cajó faz do seu reduto uma verdadeira fortaleza, com apenas uma derrota também.

10 de Janeiro de 2020
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