A
oitava jornada do Campeonato Safina rendeu um novo líder. O U. Lamas
meteu a quinta frente ao Carregosense (2-1), mas teve que recorrer às
poupanças do banco para recolher os juros. Em desvantagem ao
intervalo, Luís Miguel lançou Américo no jogo, e o médio respondeu com
dois golos, os primeiros da época, ambos de bola parada. Temos
especialista? É tudo uma questão de feeling.
Presença
habitual no onze lamacense, o criativo iniciou o jogo com o
Carregosense sentado ao lado dos restantes suplentes. “Estar
no banco é diferente. O jogador quer sempre estar lá dentro. E
quando a equipa está a perder, só queremos ir lá para dentro e
ajudar”, conta o médio, de 31 anos, que foi lançado ao intervalo
para “dar mais dinâmica” e para melhorar a “circulação da
bola” dos rubro-negros.
A
aposta do técnico Luís Miguel não podia ter sido mais feliz.
Américo assumiu a batuta da equipa e, mais importante ainda, operou
a cambalhota no resultado com dois golos, ambos de bola parada. “Foi
um momento de alegria”, admite, numa época em que as coisas não
lhe estavam a sair tão bem: “Não tenho feito golos, e
andava um bocado mais em baixo”.
O "bis" alcançado às custas das bolas paradas pode levar a pensar que estamos na presença de um especialista na matéria, mas o
melhor é travar o raciocínio. “Não é uma das minhas maiores
especialidades, mas já fiz bastantes golos de livre”, conta o
médio, para quem isto das bolas paradas é muito mais do que apenas treinar.
“Treinamos bolas paradas, mas para mim vale mais o instinto na
hora”, refere.
O triunfo arrancado a ferros diante do Carregosense foi o quinto consecutivo do U. Lamas no Campeonato Safina, e valeu-lhe a liderança isolada da
competição. “Esta vitória foi muito importante. Fez-nos abrir
muito mais os olhos”, salienta Américo, que adverte para
inexistência de “jogos fáceis” e para os perigos do
relaxamento: “Temos que entrar com muita humildade e respeito pelo
adversário, seja ele quem for”.
Aliás,
essa foi a única exigência dos responsáveis lamacenses para esta
temporada. “Foi-nos pedido para respeitarmos, em todos os
jogos, o símbolo que trazemos ao peito”, conta o médio, que já
pensa na visita ao Beira-Mar, no domingo: “Será o jogo mais
importante, por ser o próximo. Vamos a Aveiro, com a nossa humildade,
para tentar vencer”.
Profissionalismo?
Não, obrigado
Aos
31 anos, Américo olha para trás com orgulho por tudo o que
conquistou no futebol. Começou no Paços de Brandão, mas a
esmagadora maioria da carreira foi passada com a camisola do S. João
de Ver, clube que chegou a capitanear e onde deixou “bons amigos”.
A
separação deu-se na temporada passada, tendo optado por se juntar
ao vizinho U. Lamas. Foram os únicos clubes que representou enquanto
sénior, mas não lhe faltaram propostas para mudar mais vezes.
Algumas podiam torná-lo profissional do futebol, mas Américo nunca
cedeu à tentação, “por razões pessoais”.
Oliveirense,
Santa Clara ou Feirense foram alguns dos que se interessaram pelo
talento do médio, que também teve ofertas de emblemas cipriotas.
“Tive várias hipóteses, mas nunca quis ser jogador profissional
de futebol”, conta, admitindo não se arrepender das escolhas que
fez ao longo da carreira: “Se fosse hoje, faria o mesmo”.
Fotografia
Diogo Pereira
3 de Novembro de 2016