PARC e CD Cucujães deram as mãos em nome do fair-play e apelaram à Associação de Futebol de Aveiro (AFA) para que o jogo entre as equipas de juniores, do último sábado, fosse realizado à porta fechada, na sequência do comportamento do público no encontro entre ambos os clubes a contar para a 3.ª jornada do Campeonato Grande Hotel de Luso. A AFA anuiu ao pedido, medida histórica no combate à violência no desporto, mostrando ainda um cartão branco aos dois emblemas do concelho de Oliveira de Azeméis antes do início do encontro dos mais novos, como reconhecimento das suas boas práticas.

Foi num comunicado conjunto enviado à AFA que PARC e CD Cucujães elencaram os motivos pelos quais o jogo entre as equipas de juniores deveria ser realizado à porta fechada, sendo que ambos pretenderam “demarcar-se completamente do tipo de comportamentos ocorridos no passado dia 2 (de novembro)", em alusão aos distúrbios ocorridos nas bancadas no desafio a contar para o Campeonato Grande Hotel de Luso.

“Refira-se que o sucedido deu-se num jogo cuja segurança estava a cabo da GNR, pelo que consideramos serem prudentes e necessárias medidas mais drásticas, dada a proximidade entre os dois jogos”, lê-se no documento enviado à AFA que, por sua vez, considerou “conveniente prevenir os potenciais focos de violência que, eventualmente, poderiam vir a ocorrer entre adeptos dos referidos clubes, tendo em conta o ocorrido no jogo antecedente, a proximidade geográfica dos mesmos, bem como a proximidade temporal do jogo", segundo comunicado oficial.

Ambos os clubes foram premiados com um cartão branco nos momentos que precederam o confronto entre as equipas de juniores, no último sábado. Segundo Rafael Costa, diretor do CD Cucujães, “não se trata apenas de um exemplo contra o comportamento do público”. “Acima de tudo, pretendíamos que houvesse a segurança ideal para que o jogo decorresse dentro da normalidade, tanto para jogadores como para os restantes elementos de ambos os clubes”, revela o dirigente, que assume que “é bom ser reconhecido com o cartão branco”. “Contudo, como é óbvio, não tivemos esta atitude à espera do reconhecimento de quem quer que fosse”, acrescenta.

Rafael Costa enaltece a iniciativa conjunta, realçando o bom entendimento entre os clubes. “Ficámos satisfeitos com a aceitação da AFA, até porque o diálogo com a PARC foi espetacular, a quem dou os parabéns. O entendimento foi muito bom e tinha tudo para correr bem. Aliás, até o resultado do jogo foi de fair-play, com um empate a quatro golos”, refere.

Já André Pinho, presidente da PARC, aceita que “a decisão de realizar o jogo à porta fechada foi pouco popular para os adeptos dos dois clubes”, mas defende que “em primeiro lugar está a segurança e o fair-play”.

“Apesar de se tratarem de dois clubes competitivos e com massas adeptas muito presentes, esta foi a melhor solução. Pretendemos que os adeptos continuem a estar presentes, mas sempre com a noção de que há limites e que não pode valer tudo”, explica o dirigente, sublinhando “que os clubes não podem tolerar que a massa adepta se possa virar contra eles”.

André Pinho destaca, ainda, “a facilidade de entendimento com o CD Cucujães” e o reconhecimento da AFA com a atribuição do cartão branco. “Foi uma decisão benéfica para toda a gente e que defende a modalidade”, afirma.

As equipas receberam o cartão branco das mãos de Ilídio Resende, diretor da AFA com o pelouro do futsal, que se mostra “orgulhoso por a AFA reconhecer os clubes pela sua atitude louvável e meritória”. “É um exemplo de que até os clubes estão focados em promover o fair-play e impedir os maus comportamentos dos adeptos”, salienta, acrescentando que, “atendendo aos incidentes entre os adeptos dos dois clubes, havia razões para que o jogo se realizasse à porta fechada”. “Nesse sentido, julgo que o cartão branco é a melhor forma de premiar o bom senso dos dirigentes que promoveram esta iniciativa”, conclui.

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