Esteve para não jogar, só aguentou uma parte e foi o homem do jogo. Adriano Silva viveu uma tarde inesquecível na vitória do SC Vista Alegre, da 1.ª Divisão Distrital, sobre a JuveForce, do Campeonato SABSEG, que valeu ao clube de Ílhavo a continuidade na Taça PECOL. “Estivemos perfeitos”, resume o avançado, de 24 anos, que acredita ser capaz de recuperar algum do tempo que a irreverência da juventude o levou a perder no futebol.

Há muitas formas de se ganhar um jogo de futebol e um elemento que as une: a estratégia. Sobretudo quando se defrontam duas equipas de realidades competitivas distintas, cenários que as eliminatórias da Taça PECOL – Prof. José Valente Pinho Leão vai proporcionando ao longo de cada edição.

Com isso em mente, na 4.ª ronda da prova, o SC Vista Alegre concedeu à primodivisionária JuveForce o domínio da bola, com a expetativa de, quando a recuperasse, sair em expedições rápidas para o ataque para tentar surpreender o adversário. “Sempre que chegámos à frente, fizemo-lo com perigo”, recorda Adriano Silva, que marcou e assistiu no triunfo do 'Talé' por 2-0. “Foi justo”, defende o avançado, elogiando o papel do técnico, Hugo Gomes, na façanha da equipa de Ílhavo: “Deixámo-los jogar. Sabemos que somos uma equipa com muita qualidade e, se nos derem oportunidades, marcamos. Foi o que aconteceu. O jogo foi muito bem preparado pelo nosso treinador”.

Os golos que decidiram a eliminatória nasceram de duas jogadas bem trabalhadas pelo ataque do SC Vista Alegre, que tiveram em Adriano Silva um elo de ligação. No primeiro, foi tabelando com os companheiros até assistir Martim Oliveira para o 1-0. Meia hora depois, recebeu a bola na esquina da pequena área e rematou forte para a baliza. Seguiu-se a habitual celebração a evocar o antigo internacional italiano Luca Toni, mas o mais curioso de tudo isto é que Adriano nem era para ter ido a jogo naquela tarde.

Um problema físico levou-o a falhar as sessões de treino na semana que antecedeu a partida. “Até fui para o estádio mais cedo fazer um teste para saber se conseguia jogar”, recorda. Foi dado como apto, foi titular e, depois de uma primeira parte alucinante, foi substituído para não correr o risco de agravar a lesão. “Não quisemos arriscar. Dei a minha vida naqueles 45 minutos mas, como não treinei nessa semana, não ia conseguir aguentar o ritmo. Para a equipa, era o melhor”, conta.

Ressalvando que o principal objetivo do clube para a atual temporada passa por regressar ao Campeonato SABSEG, Adriano Silva pisca o olho a novas 'gracinhas' na Taça: “Se nos deixarem sonhar, vamos indo. Esta vitória deu-nos ainda mais moral. Podem contar connosco, porque podemos fazer coisas engraçadas”.

Aos 24 anos, o avançado reentrou nos eixos depois de um início de carreira um tanto ou quanto atribulado. No primeiro ano de sénior, fez parte do plantel do SC São João de Ver que conquistou a Taça PECOL. “Era jovem, não soube esperar e fui para o Relâmpago (Nogueirense)”, recorda. Uma “asneira” levou-o a deixar o clube de Nogueira da Regedoura e a um hiato competitivo nos campeonatos federados.

“Pela minha cabeça, perdi um ano no futebol federado, mas não me queria autoconvidar para nenhuma equipa”, justifica, ele que encontrou no Cantinho da Rambóia, clube da terra onde nasceu e que compete no futebol popular de Espinho, o local ideal para relançar a carreira. “Correu muito bem e deu-me asas para voltar ao (futebol) federado. Fui para o Lourosa B a meio da época passada. Agradeço porque, se não fosse isso, se calhar, hoje, não estaria no Vista Alegre”, salienta.

Desafiado a tentar vislumbrar o futuro, diz não acreditar tanto quanto aquilo que sonha. “Sonhava jogar na Liga ou disputar uma Liga dos Campeões”, confessa, mas, encarando a situação de uma forma mais fria, sente-se capaz de “atingir o nível do futebol nacional ou do Campeonato SABSEG”. “Já tenho 24 anos mas, se me deixarem ir mais longe, vou agarrar a oportunidade”, garante Adriano.

Fotografia
Hugo Parracho/SC Vista Alegre