A alegria do futsal que combate o isolamento em São Jacinto

Com pouco mais de mil habitantes, a freguesia de São Jacinto sofreu um período de desertificação aquando do encerramento dos estaleiros navais, que impulsionavam a pesca e a secagem do bacalhau. Entre as tradições de uma terra localizada na faixa que separa a Ria de Aveiro do mar, também o desporto foi afetado. Os jovens, todos eles a estudar ou a trabalhar na zona de Aveiro, foram-se desligando da sua terra, o que obrigou a ADC São Jacinto a praticamente recomeçar, tal foi o abandono das suas atividades desportivas.

Atualmente, Henrique Sousa é a figura de proa do clube, diretor para o futebol e delegado nos jogos da equipa de juvenis de futsal. O dirigente assume que não foi tarefa fácil criar a equipa juvenil, revelando o papel decisivo desempenhado pelos miúdos. “Foram eles que tomaram a iniciativa para se criar a equipa. Eles jogavam várias vezes no pavilhão e abordaram-me. Também falaram com o presidente e não tivemos dificuldades em aceitar, mas com algumas condições”, explica, recordando que foram impostas algumas regras. “Dissemos-lhes que, se queriam criar uma equipa, tinham de ser unidos e responsáveis. A ideia era que eles percebessem que era para levar tudo até ao fim, sem esmorecer nem desistências a meio da época, até porque estamos numa zona em que é difícil recrutar jogadores”.

Henrique Sousa também orienta, habitualmente, o treino da equipa de juvenis, já que o treinador principal, Sandro Esteves, nem sempre tem disponibilidade para tal. Com a equipa praticamente entregue ao dirigente, a ADC São Jacinto alcançou uma pequena vitória com o recrutamento de jogadores “que, muitas vezes, têm outros motivos de distração noutras zonas de Aveiro”. “O meu objetivo é fazer com que eles mantenham a motivação e vou ajudando como posso. Aliás, somos poucos na direção e temos de ajudar sempre que podemos”, admite, ele que deseja melhorar as condições das estruturas. “O clube esteve um pouco parado durante algum tempo e o pavilhão era utilizado, sobretudo, para se realizarem jogos entre amigos. A criação da equipa de juvenis permitiu-nos chamar mais jovens para o São Jacinto e, aos poucos, estamos a reavivar o clube. Nesse sentido, também temos de fazer alguns melhoramentos no pavilhão”, revela, acrescentando que “o São Jacinto tem apoiado a equipa com tudo”. “Comprámos o material necessário e ajudamos no que conseguimos, porque queremos criar as melhores condições possíveis para eles”, explica.

O dirigente e treinador adjunto transporta os jogadores nos dias de jogos, sendo o principal elo entre a direção e os jovens. Conhecido por se desdobrar em múltiplas tarefas, Henrique Sousa confessa que gostou da experiência com a nova equipa, que se mostrou “sempre dedicada e responsável”. “É bonito vê-los animados no treino e perceber que têm uma oportunidade de ocupar os seus tempos livres com uma atividade saudável. Aliás, mesmo quando perdem, eles não desanimam, fazem tudo com alegria e dão-se bem. É isso que também me motiva”, afirma, admitindo que o clube quer dar um passo de cada vez no futsal de formação. “Para já, queremos apostar na equipa de juvenis, que mais tarde poderá vir a ser de juniores. Temos poucos jovens na nossa zona. Por isso, estar a criar mais equipas pode arruinar a secção”, conclui.

Fotografia
Samuel Martins


*Esta reportagem foi realizada antes do cancelamento das competições da AFA

1 de Agosto de 2020
Vítor Hugo Carmo
geral@afatv.pt
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