Em ano de estreia na 1.ª Divisão Nacional de juniores, o Cesarense quer dar boa conta de si e estabelecer-se entre os melhores. Depois de dois desaires nas duas primeiras jornadas da prova, os comandados de Pedro Alves garantiram o tão almejado triunfo na deslocação ao reduto do Boavista (3-2). Uma vitória muito difícil, arrancada já nos descontos, e com dedicatória especial de um plantel que tem sido posto à prova dentro e fora das quatro linhas. 

“Foi uma vitória suada, mas já nos jogos anteriores, apesar de não termos pontuado, obrigámos os adversários a trabalhar muito para que conseguissem levar-nos de vencida”, resume o técnico, naturalmente satisfeito pelos primeiros três pontos conquistados. 

Depois de “alguma falta de sorte” na receção ao Paços de Ferreira e de “dois erros individuais” que mudaram o rumo do jogo diante do Moreirense, a formação de Cesar fez do Boavista a sua primeira vítima. “Estivemos muito bem na primeira parte. Chegámos ao 2-0, eles reduziram perto do intervalo e, por serem uma equipa agressiva e com muito espírito combativo, conseguiram o empate. Mas voltámos a pegar no jogo, e penso que somos justos vencedores”, defende Pedro Alves, sem esconder a satisfação sentida no rescaldo da vitória.

“Há sempre a sensação de dever feito e alegria, e quer se queira quer não, a auto-estima e os níveis de confiança aumentam quando entramos numa dinâmica de vitória. As coisas fluem de forma mais positiva e normal”, explica, revelando que a equipa técnica tem pedido aos jogadores para “estarem de consciência tranquila e preservarem a imagem que têm, porque têm qualidade para disputar qualquer jogo contra qualquer equipa”.

Ainda assim, admite, “as dificuldades são grandes”, num ano em que o objetivo passa pela manutenção, que pode ser alcançada em diferentes cenários. “Ou garantimos os primeiros lugares, para que possamos ir à fase final e nos mantenhamos de forma direta, ou ficamos na fase de manutenção e temos que lutar por ela até final”, lembra o técnico, entre elogios aos seus pupilos, que, confia, “se continuarem a evoluir como até aqui, vão ser uma dor de cabeça para muitas equipas”.

“As três jornadas que disputámos foram três degraus de aprendizagem”, reforça Pedro, que destaca as “equipas de arbitragem extremamente profissionais” com que se tem deparado, “independentemente de errarem ou não, porque isso faz parte da natureza humana”, e aponta os níveis de concentração como algo a melhorar. “Tem sido complicado conseguir que os jogadores estejam concentrados durante os 90 minutos, mas esta é uma competição que se decide ao pormenor e os níveis de foco têm que ser elevadíssimos”, adverte.

Mesmo assim, ressalva, “o Cesarense preparou-se para a prova e tentou munir-se de todas as condições ao seu alcance para dar resposta às necessidades do campeonato”, apesar das adversidades com que a equipa se vai deparando. 

E a verdade é que o arranque de campeonato está longe de ser um mar de rosas. Se em campo as coisas parecem encaminhar-se, fora dele surgiu, recentemente, um novo desafio, que diariamente coloca o plantel à prova. Bruno Oliveira, que integra o grupo de trabalho, foi diagnosticado com um grave problema de saúde, que exige uma paragem forçada por tempo indeterminado. Algo difícil, mas que, segundo o técnico, uniu ainda mais a equipa.

“O Bruno é um atleta que trabalha e priva connosco desde os seus 9 anos. Está muito perto de completar uma década de treinos, jogos, emoções de alegria e tristeza partilhadas connosco. O grupo sentiu bastante, porque é algo que nos afeta a todos, mas uniu-se, aproximou-se do Bruno, e penso que ele está, também, no bom caminho, porque está forte e confiante de que tem a vida pela frente”, vinca Pedro Alves, depois de um primeiro triunfo dedicado ao atleta.

“O plantel quis dedicar-lhe a vitória, mas não só neste jogo. Os jogadores transmitiram ao Bruno que queriam dedicar-lhe este campeonato. Ele é um atleta extremamente querido por todos, e sentimos muito”, revela o treinador, que sublinha que o plantel “vai fazer dessa fraqueza uma força maior, para acreditar cada vez mais, jogo a jogo e com toda a humildade, que pode bater-se e dignificar o clube e o distrito de Aveiro”.

Fotografia
Futebol Clube Cesarense