Jornada animicamente importante
A próxima jornada do Campeonato Safina ganha importância acrescida pelo facto de antecipar um período de folga (Natal e Ano Novo) e a prova regressar apenas no primeiro fim de semana de janeiro. Com diferenças pontuais reduzidas no topo - nove pontos do oitavo ao primeiro, quatro pontos do primeiro ao quinto classificado - e com formações a recuperar posições, a prestação das equipas e os resultados refletir-se-ão sobretudo no estado de espírito dos seus componentes. Todos vão preferir passar as férias competitivas com ânimo elevado.

O Sporting de Espinho confirmou com o líder Esmoriz o crescimento sustentado na sua produção. A última, e única, derrota data de 2 de outubro (Santa Maria de Lamas). Desde aí soma sete vitórias e três empates (24 pontos conquistados em 30 possíveis), é a segunda equipa mais concretizadora e a que menos golos tem sofridos, correspondendo ao melhor saldo de golos de entre todas (15 positivos). Com a curiosidade de somar menos 4 pontos que há um ano, mas exatamente o mesmo número de golos marcados e sofridos.


A experiência dos jogadores do Espinho acrescenta capacidade competitiva à sua reconhecida valia, essencial na gestão dos jogos e até na preparação mental para os mesmos - seja os considerados decisivos, seja com adversários de menor potencial, mas contra quem se podem ganhar ou perder campeonatos. E lembro que na época passada o Espinho perdeu cinco pontos com o São Roque e três com o Valonguense, formações despromovidas à segunda divisão distrital.

Há alguma falta de intensidade e de profundidade no seu jogo ofensivo, disfarçada pelo potencial individual e cada vez mais também pelo aperfeiçoamento coletivo, atendendo à evidente capacidade da equipa nas primeira e segunda fases de construção.

O Esmoriz, no jogo do último domingo, não fez uso de uma das mais principais virtudes: a profundidade. Excessivamente dependente de Koneh (entrou no decorrer da segunda parte) não teve em nenhum dos seus jogadores mais adiantados, pelas suas características, uma alternativa que correspondesse a um processo a que a equipa já se habituara. Apesar das limitações visíveis do jovem jogador camaronês, a sua equipa fez uso dessa profundidade quando ele entrou em jogo.


Dois jogos com muito em jogo
 
O São João de Ver e o União de Lamas parecem refeitos do momento menos feliz que atravessaram. O São João de Ver vai em três vitórias seguidas, visitando o Alvarenga, a equipa que mais diferença faz na sua prestação entre os jogos em casa e fora: tem 19 golos marcados em casa e apenas 4 fora (8 golos sofridos em ambos). Tem o melhor ataque em casa e o segundo pior fora. O Alvarenga está no seu melhor período, com 8 pontos somados nos últimos 12 possíveis. Duas razões fundamentais: qualidade ofensiva individual optimizada pela refinação das dinâmicas coletivas e claramente mais estabilidade defensiva, dando um equilíbrio mais desejável ao seu jogo.

Já o União de Lamas, sendo a mais concretizadora do campeonato, defronta, domingo, um candidato à subida que, de repente, interrompeu a recuperação que vinha encetando e que vive agora um processo de mudança. Dados amplificadores da expectativa e da importância do jogo.


Lourosa e Beira-Mar melhor fora
 
Ao contrário do Alvarenga, Lourosa e Beira-Mar têm registado melhor prestação como visitantes. Corresponde à dificuldade em assumir o seu jogo, por um lado, e em encontrar situações de finalização quando os adversários se fecham (o Lourosa) ou em perder o equilíbrio defensivo quando procura atacar (Beira-Mar). Não por caso, o Beira-Mar sofreu 9 golos em casa e apenas 5 nos jogos fora (golos marcados semelhantes); e o Lourosa marcou 11 golos fora e apenas 5 em casa (golos sofridos iguais).

Balanços e fiabilidade 
O Beira-Mar diminuiu a sua produtividade nos últimos sete jogos (10 pontos em 21), com 11-10 em golos. O Alba também, mas de forma mais evidente: um empate e quatro derrotas nos últimos cinco jogos (1 ponto em 12), e sobretudo 11 golos sofridos nesta fase recente. Dados que permitem entender, sobretudo no segundo caso, a importância das equipas disporem de soluções alternativas adequadas para um campeonato com este nível de exigência (competitividade e duração).

Em sentido inverso, além do Alvarenga, também o Oliveira do Bairro melhorou de produtividade: nos últimos seis jogos (13 pontos em 18) apenas perdeu em Bustelo no último minuto do tempo de compensação e empatou, igualmente nos últimos minutos, na recepção ao Espinho.


Nota final, por ser da mais elementar justiça, para a prova muito regular desenhada pelo Carregosense. Não há nenhum resultado, favorável ou desfavorável, com diferença superior a um golo; perdeu apenas com os candidatos à subida Esmoriz, Lourosa e União de Lamas (em casa) e Espinho (fora); e dos quatro empates dois deles foram com Bustelo e São João de Ver. Uma fiabilidade que tem dado garantias para um campeonato afastado dos lugares mais incómodos numa época mais exigente; mas que não admite distrações (o 14.º classificado está seis escassos pontos atrás).

Augusto Semedo
Treinador de futebol
16 de Dezembro de 2016
Banner Seaside Promo
Instagram AFA
Notícias Relacionadas
Equipas
Categorias
Tags
Facebook
Notícias Mais Lidas