Há equipas já mais refinadas
No atual período de solidificação de processos de jogo há equipas mais adiantadas do que outras no Campeonato Safina. Essa refinação torna-as mais intensas e mais fortes; e a celeridade com que os grupos o conseguem pode fazê-las marcar posição favorável no “território classificativo”. Estando numa fase de maior equilíbrio, como se justificou em texto anterior, é importante que as equipas não se afastem, em termos de pontuação, das posições classificativas adequadas aos seus objetivos.

As três primeiras jornadas do Campeonato Safina têm permitido observar a existência de equipas que conseguem espelhar de modo mais célere as ideias dos respetivos treinadores, enquanto outras andam ainda à procura desse compromisso para poderem aumentar a sua competitividade.
O São João de Ver confirmou em Espinho a nossa análise da semana passada. Uma equipa assente numa competente organização defensiva e capaz de fazer uma boa gestão do jogo. Revela ser um grupo que agilmente assimilou – aceitando, compreendendo e interpretando – as ideias do seu treinador. Animicamente fortalecido, o São João de Ver foi estrategicamente mais afoito, pressionando o Sporting de Espinho na sua primeira fase de construção e criando acrescida instabilidade emocional no seu adversário. Revelou ainda crescimento na circulação da bola (construção e gestão do jogo melhorada) e capacidade para manter a intensidade semelhante nos seus dois períodos. Faltar-lhe-á, por agora, melhor presença na área contrária para concretizar o futebol produzido.

Sistema tático e dinâmicas de jogo

Já o Sporting de Espinho revela que precisa de crescer. Transporta consigo pressão acrescida por ser uma das principais referências da competição e acusou alguma instabilidade por ainda não ter vencido esta época (tem mais um jogo oficial que os adversários, contando com o da Taça de Portugal, que surge sempre como um teste exigente de preparação).

Ao contrário do seu adversário, o Sporting de Espinho manteve a base individual da época anterior mas mostra indefinição quanto ao sistema tático – a partir do qual se definem as posições dos atletas e as suas funções nos processos de jogo – assentando aí a operacionalidade do modelo de jogo. Domingo, regressou ao habitual 4x3x3 mas ainda sem os processos evidenciados há alguns meses, pelo facto mais do que provável de estes não terem sido consolidados durante a fase preparatória da época (em desfavor do 4x4x2). Apresenta um líder experimentado e um conjunto de atletas com qualidade e experiência capaz de perseguir os seus objetivos – particularmente na zona intermédia -, com capacidade para movimentos variados de rotura no último terço. Com estabilidade, irá crescer muitíssimo quando conseguir definir melhor o seu jogo ofensivo (construção e zonas de finalização) e os resultados positivos ajudarem a retirar algum do “peso”, transmitindo confiança.


Implantação do modelo de jogo

A implantação do modelo de jogo numa equipa não se processa linearmente. Um mesmo treinador pode ter retornos diferentes nas suas experiências com grupos e clubes (ambiência) diversos. É uma avaliação que compete a cada um fazer, a partir do histórico do clube e da identidade dos atletas, das características destes como igualmente das características da competição (em todas as vertentes que a influenciam) e dos objetivos da equipa.

O modelo do jogo não é, por isso, uma questão subalterna. A sua definição resulta até de um trabalho preliminar à época desportiva, partindo de elementos a que o treinador deve aceder e recolher, para refletir, decidir e planear. E nunca será uma questão fechada, aceitando desse modo ajustamentos valorizadores em continuidade ou, em caso último, transformações radicais – neste caso com consequências numa menor produção imediata, crendo-se na obtenção de resultados positivos mais tarde.


Quem observa o Lourosa nesta sua primeira vitória, em Cucujães, recua ao Fiães da época passada. Dois clubes, o mesmo treinador. Modelo de jogo idêntico, porém adaptado em alguns dos seus pormenores.


Uma referência ainda para o trabalho de continuidade no Alba, apresentando as mesmas estrutura e ideias da época anterior (treinador, atletas, organização evolutiva e processos de jogo, com potencial para serem refinados). Não por acaso surge no topo, com 7 pontos conquistados nos primeiros 9 disputados.

Augusto Semedo
Treinador de futebol
30 de Setembro de 2016
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