“Uma maravilha” para Sérgio Conceição, “um sonho tornado real” para o protagonista da última noite europeia do FC Porto esta época. Bruno Costa estreou-se na equipa principal dos Dragões em Anfield Road, casa do Liverpool, e logo nos oitavos de final da Liga dos Campeões. João Alves e Tiago Oliveira, que o viram crescer nas camadas jovens do Feirense, falam num menino apaixonado pelo futebol, e anteveem-lhe um futuro auspicioso.

Bruno Costa nasceu, há 20 anos, em Oliveira de Azeméis, mas foi no Milheiroense, do concelho vizinho de Santa Maria da Feira, que descobriu o futebol. Apaixonado pelo jogo, Bruno passou a infância a colecionar bolas. “Tinha umas para jogar e outras arrumadas em prateleiras, em exposição”, conta Tiago Oliveira, atual treinador adjunto do Moreirense, que foi o primeiro técnico de Bruno Costa no Feirense, ainda na Escola de Futebol Artur Brandão, em 2004. “Era muito humilde, incapaz de prejudicar alguém e sempre com uma alegria muito grande”, recorda Tiago Oliveira, que não esquece o dia em que “o Bruno estava qualificado para ir uma final nacional em xadrez, mas optou por ir a um jogo”.

É que para lá do talento dentro das quatro linhas, Bruno Costa já aí “era um aluno brilhante e no xadrez teve um desempenho muito bom”. No fundo, “procurava sempre ser o melhor em tudo”, uma caraterística que não o impedia de ser “um miúdo bastante humilde”.

Tiago Oliveira orientou-o ao longo de três temporadas, seguindo-se-lhe João Alves, antigo adjunto de Martelinho e de Augusto Inácio, que trabalhou com Bruno no seu último ano no Feirense, antes de dar o salto para o FC Porto. “Não era à toa que ele era o capitão dessa equipa”, salienta o técnico, que recorda um “miúdo sossegado, com uma personalidade muito vincada e focado naquilo que pretendia, que era ser jogador de futebol”.

Ainda no futebol de 7, o jovem já demonstrava grande versatilidade, o que lhe permitia “jogar em várias posições”. Ainda assim, aquela que João Alves mais o apreciava ver atuar era atrás do avançado, um pouco à semelhança do que aconteceu em Anfield Road. Tiago Oliveira compreende a ideia, até porque, “no meio, ele tem qualidade técnica e toma boas decisões”. Por outro lado, “quando joga numa ala, e não sendo o Bruno um jogador explosivo, procura ficar com bola, temporizar e esperar um movimento de um colega para, depois, definir o lance. Tecnicamente, é um miúdo muito forte”, acrescenta o técnico.

Estreia deixou água na boca
Os dois treinadores convergem, ainda, na avaliação positiva à estreia de Bruno Costa na equipa principal do FC Porto. “Revelou maturidade, e achei-o muito confiante”, refere João Alves, para quem a chamada ao onze do camisola 87 “foi um prémio merecido por tudo o que ele tem vindo a fazer nos últimos anos, essencialmente na equipa B”.

Tiago Oliveira salienta que o jovem “trabalhou muito sem bola”, algo a que não está tão habituado a fazer “num FC Porto B que normalmente é uma equipa dominadora”. “Ele não acusou a pressão do jogo e teve a capacidade de, com bola, ter tomado uma ou outra boa decisão”, completa o treinador, que acredita que “o Bruno tem todas as condições para poder fazer uma carreira brilhante”.

“Não tenho dúvidas disso”, confirma João Alves, para quem o médio “disse presente” à chamada de Sérgio Conceição. “Não é qualquer jovem que chega ali e mostra atributos. Vai ter um futuro muito promissor”, acredita, ele que espera vê-lo “afirmar-se no FC Porto e, depois, quem sabe, na seleção e a nível internacional”.

Fotografia
Futebol Clube do Porto